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folhasdeluar

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Que um riso desponte

Temos um querer...e é tudo o que temos. Estamos sempre a querer alguma coisa. Que não nos irritem. Que um riso desponte. E até queremos que as palavras de carinho não se sequem na nossa garganta. Esquecermo-nos de querer...é o mesmo que chegar tarde à vida. Metade de nós é uma obstinação. A outra...é um livro cheio de histórias. Podemos deixar que desfolhem as nossas páginas. Gostamos que se entretenham com as nossas imagens. E não há qualquer razão para não querermos que a nossa gargalhada encha a vida dos outros. Não querer nada é um aborrecimento. Querer tudo é ainda mais aborrecido...porque não se sabe o que se quer. Somos piões. Rodamos com a corda da vida atada em volta de nós. E vamos desembrulhando as chatices que nos chegam em pacotes volumosos. Mas mesmo assim gostamos de tudo o que vai nascer. O sol. Uma criança. Um horizonte que desperta pela manhã. Queremos ser a janela que se mistura com quem passa na rua. Queremos ser um nome. Atiramos às cinzas todas as profecias...e seguimos como quem se ergue. Inteiro.

 

Crédito à Habitação - mais uma vez o poder político ajoelhou perante o poder dos bancos

Mais uma vez o poder político ajoelhou perante o poder dos bancos. Até agora quem pedia crédito para comprar casa, se depois tivesse algum problema com as rendas, poderia entregá-la. Contudo essa casa, para os bancos, já não tinha o mesmo valor, o que quer dizer que as pessoas entregavam a sua habitação e ainda ficavam a dever dinheiro.

 

Hoje foi publicada a lei que permite a quem não pode pagar as prestações da casa, entregá-la ficando a dívida saldada, (desde que essa cláusula esteja mencionada no contrato),e é aqui que está o busílis. E porquê? Porque nenhum banco vai emprestar dinheiro para a compra de habitação a quem exija que essa cláusula faça parte do contrato.

 

Quer dizer, a lei existe, protege o devedor, mas os bancos lá conseguiram arranjar forma de influenciar o legislador de forma a não cumprirem a lei.

A diagonal...

Faço o que faço todos os dias. Levanto-me de manhã e vou espreitar o rio pela janela. Sinto-me sempre um deus vazio. Invento paisagens e sentimentos. Um dia...dou de caras com uma dessas paisagens que inventei. E descubro que os sentimentos não são inventados. Reconheço que as coisas têm memória. Reconheço que as coisas estão ali para servir para qualquer coisa. Nada é completamente inútil. As coisas foram feitas para serem feitas. Porque é que por vezes temos medo de fazer as coisas? Porque é que temos medo da dissolução de uma saudade? Ou até de sermos íntimos da solidão? A vida vive-se numa diagonal excêntrica. Damos voltas e voltas em redor de um sofrimento lasso. Abruptamente descobrimos a vaidade universal. Descobrimos a presença do desprendimento. E sabemos que o que nos sufoca é o refluir de tudo o que tememos perder. Se olharmos em volta vemos que a vida ali está. Pendendo de um rosto ou de uma árvore. Caindo em cascatas de gargalhadas. Ou em cortantes tesouradas. Há tanta harmonia na chuva intensa. Ela a cair e nós a darmos voltas na cama. Ela a cair e nós a erguermos cúpulas que nos separam da vida. Ela a cair e nós a tecermos altivas perguntas. Que raio fazemos aqui? Porque regressam as manhãs? Porque é que os mares não esgotam as ondas? Somos distraídos talismãs encostados a umbrais acáricos. E não nos damos conta da fragilidade das nossas obsessões. Podemos ficar a um canto a conspurcar a alma com absurdos dilemas. Mas também podemos reinventar o prazer. Ser o instante e a profundeza do mar. Ser tudo o que não está nos livros. Ficar sem palavras. Enquanto de nós escorre um negrume tingido de azul. A tarde...continua...imperturbável. A ser a tarde quebradiça que nos mostra a docilidade... da nossa alma.

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