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folhasdeluar

Poesia e outras palavras.

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Poesia e outras palavras.

Vamos salvar o planeta?

Construímos a nossa destruição e a do planeta com as nossa inovações.

 

Inventámos o plástico e agora temos os mares, e os aterros cheios de plástico. Agora até já descobriram que as micro-partículas de plástico andam no ar e entram no nosso organismo através da respiração. Já não nos bastava o plástico que ingerimos através da nossa alimentação.

Fim ao plástico...já.

 

Inventámos o dinheiro, e por causa dele estamos a destruir-nos. O dinheiro consome-nos em vez de sermos nós a usufruir dele.

Fim ao dinheiro...já.

 

Inventámos os herbicidas e os pesticidas. Agora temos terras mortas. Aquíferos subterrâneos envenenados. Pessoas a sofrer de cancro motivado por esses químicos. E, claro que também os ingerimos e sofremos com isso.

Fim aos herbicidas e aos pesticidas...já.

 

Inventámos os automóveis e agora temos a mobilidade reduzida. Temos cidades onde só se pode andar na rua com máscara. E temos doenças provocadas pelo consumo dos combustíveis.

Fim aos carros...já.

 

Usamos e abusamos de telemóveis. As radiações,(está provado) afectam-nos. As minas a céu aberto,(por causa do lítio, estão a destruir a natureza), contudo continuamos a consumir como se não houvesse amanhã. Sim, se continuarmos assim não haverá amanhã.

Fim aos telemóveis...já.

 

Exploramos os recursos do planeta sem pensar no futuro. Destruímos florestas e levamos milhares de espécies de vida animal à extinção.

Fim à desflorestação...já.

 

Queremos salvar o planeta? Queremos salvar os animais? Queremos acabar com a poluição e com o efeito de estufa?

Possivelmente, para que isso aconteça é preciso acabar com o homem...já...

 

 

 

Amnésia...

Carregamos a nossa condenação como quem persegue uma imitação da vida. Ela é a maravilhosa caução que nos faz caminhar. É o nosso corredor e o nosso insulto. Ela é a curva onde vislumbramos uma afável esperança. E é a corda que nos enforca e a escada que nos faz subir. Perturbadores sonhos acordam a nossa profunda amnésia. Limitados mundos acordam em nós. Salve-se quem puder. Salve-se quem souber. Porque vivemos fechados numa vida infértil. Numa amargura infértil. Num absoluto infértil. Um peso de chumbo cobre a nossa esperança. Obesas vozes ecoam em nós. Era bom que o cavalo-de-pau da nossa infância não se tivesse partido. Era bom que a ordem secular do mundo não culminasse em lágrimas secas. E os nossos corpos não se dissolvessem em fragmentos de riso.

 

E um dia dizemos nunca mais. E um dia renascemos na vigília do sangue. E no outro adormecemos no regaço de uma noite irradiante. E um dia estamos cansados. E no outro corremos atrás de alguém que partiu. E dizemos nunca mais. E dizemos que nunca mais nos vamos repetir. Que vamos ser outros. Que vamos estar inteiros. Aqui!

 

Palavras soltas #13

De cada vez que um fascínio se levanta na madrugada

De cada vez que um fogo se acende no peito

Logo salta um tumulto de geada

E um segredo se acolhe na frente entreaberta da estrada

E já lá vem a tempestade desabitada

E aqui chegam ecos de outras fantasias

E aqui se erguem enseadas

E aqui se ouvem as falas de outros dias.

 

Mostra-me essa chama que se cala

Come-me esse tempo que se diz

Metáfora do que foi a chuva rala

Metáfora de gente e de verniz

Que uma força sustente a fantasia

Que um choro se mostre em cada chão

Que gente se esconde na agonia

De ser apenas gente...

Pendurada na beleza feérica de dizer... não!

 

Ancestralidade

Ancestral infinitude de um mistério que voa no bico de uma ave nocturna

E a minha voz? De onde vem a minha voz? Que ecos explodem na minha garganta?

Inverno... semáforo desligado... lâmpada onde corre a luz negra...

Profundos jogos que se desfazem numa colossal centelha que vibra num peito alvo

Reveses de vida que desaguam numa planície de esmalte...

Aquática sacerdotisa do impossível

É possível que nas tardes se prolongue a vida... que a noite se feche numa morte sólida

E que a dor se encha de buracos onde se apagam os fragmentos de um céu cósmico

Que as águas se turvem sob uma humidade suspensa numa luz errática...

E nós sopremos as cinzas cintilantes de uma ave suspensa num raio de luz...

Para longe...para bem longe...

De todos os mistérios ecoantes nas colinas azuis...

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