Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

E nós...calados...

Áridos e esguios dias. Arestas de frio percorrem as ruas. Branca geada de surpresas aflitas. O Homem e as suas faltas. O Homem e tudo o que lhe falta. O agoiro de um céu cerúleo. A tarde. O rigor esquadrinhado da dúvida. Compridos vazios aguardando a sua vez. As conversas e o vento forte. A clareira dos risos. O ritual efectivo do vazio. Tudo é e tudo passa. O frio. A dor. A constante frieza de que já foi. O nada. Daqui se vê a nossa milenária distância das coisas. Daqui se observa tudo o que ainda não é. Longo é o adeus. A noite é o recolhimento. Todos os impossíveis vivem incrustados em nós. Todos as suavidades e todo o peso do choro. O cansaço agarra-se à roupa da pele. O sabor do adeus cola-se ao céu da alma. E nós...calados...ao pé do que não dissemos.

Dança

Danço comprimido e gelado...como uma natureza morta

Danço como um animal embaraçado...não abdico da fatalidade

Mas... danço...energicamente danço... como o espírito de um aflito.

 

Não recomendo o meu retrato...ascético e nauseabundo...

Tenho o gozo de quem ama a forma e a beleza...

Atiro flechas que me ferem

Manifesto a minha liberdade e a minha alegria...miserável..

E...perante o céu brutal...pintado com tintas de túmulo...

Amo o meu corpo como um dia quente...

Disparando a minha deselegância nua...

Contra o desespero educado do poente...

Distância

Soltavas o teu chamamento como uma ave na escarpa dos beirais

Luz invisível que nos ligava atravessando o ar fresco

Profunda sensação invadindo o céu glacial...

Silêncio de campos fechados em si próprios...

Os teus dedos exalavam urgências...

Procuravam nos labirintos das ruas o regresso ao meu corpo

Mas já nada nos ligava...nem os pássaros que fugiam do frio...

Nem o magma que escorre dos nossos olhos...nem o tiro de um céu purificado

Mas ainda ouço o teu riso...ainda ris?

Ou foi só a ilusão de um tempo arrastado pela distância?

Pequenos absurdos de um pequeno país.

Muita gente diz que possivelmente a pandemia irá alterar de forma profunda a nossa forma de estar e de agir. Bem, talvez seja tempo de repensar certas coisas. Uma delas é o absurdo de num país de meia dúzia de quilómetros quadrados as pessoas viajarem de avião de Lisboa para o Porto ou para Faro. Acho que isto só faz sentido em cabeças onde a velocidade impera. Mas não as ideias. Hoje podemos chegar ao Porto em 3 horas,(isto se cumprirmos os limites de velocidade), ou em menos se formos de comboio. Não compreendo como é possível que se viaje de avião dentro dos limites de nosso pequeno Portugal. Não falo das cidades do interior, aí até entendo que existam pequenas aeronaves, que tornem as deslocações, ( não direi mais rápidas, que o são) mas mais eficientes. Com isto digo que se o governo chegar a dirigir a TAP, deve proibir os voos entre Lisboa e Porto e Faro, já que existem variados meios de transporte que podem perfeitamente substituir o avião, e ao mesmo tempo reduzir a poluição. A sonora e a dos combustíveis.

Feliz

Feliz como quem não dorme e pode viajar por todos os cumes nevados

Por todos os rios e por todas as folhagens...

Por todas as flores de todas as cores

Feliz como o fogo que acalenta a casa nos dias em que o gelo cristalino desce as escarpas

Esse fogo que se derrama pelo recantos onde habitam leves raios de sol..doces e puros

Ouvi dizer que as cidades se alimentam das pessoas que se derramam pelas ruas..

E que no interior dessas pessoas vivem árvores repletas de frutos

Onde poderemos viver melhor no Inverno que junto a um cume nevado?

Cume de prata repleto de fugazes raios de luz que tingem os olhos de suavidade

É lá que habita a minha memória...em toda a imensidão  dos meus olhos...

Onde a terra se deslumbra nas fontes que alimentam os rios

Hoje sei onde posso encontrar a harmonia que me protege do rigor seco das tristezas

O sonho das Atlântidas...a feliz condição de ser fogo e pureza

Sei que posso falar com a estrela mais brilhante de Andrómeda..

E banhar-me em cem mil ribeiros

Posso entender a linguagem cristalina de todos os povos...

E posso ser a andorinha que atravessa o Saara...

Tal como posso ser o silêncio que se diverte com a linguagem suave dos salgueiros

Que no Tejo banham os seus ramos...

Enquanto as palavras escorrem pelas minhas mãos...

Talvez seja chegado o tempo dos sindicatos se transformarem em empresas

O capitalismo baseia-se na produção para obter lucro, não para suprir necessidades,e também se baseia num crescimento constante do lucro. Hoje quando os lucros baixam isso é apresentado como um mal, e falamos de lucro, não falamos de prejuízo, ora isto a longo prazo é destrutivo, nada cresce indefinidamente. A verdade é que o poder económico comanda o político. O dinheiro comanda o mundo e esquece as pessoas.**** Noam Chomsky

 

Mas...supondo que novas ideias apareciam. Que um novo tipo de sindicatos revolucionava o mundo laboral. Que em vez de reivindicações os sindicatos apresentavam ideia e novas atitudes. Que os sindicatos se transformavam em empresas. Que os sindicatos davam o exemplo de um mundo justo.

 

Como?

Os sindicatos são associações de pessoas. E junto com os seus associados, podem criar empresas. Escolas. Universidades. Podem construir hospitais. Hotéis. Enfim transformarem-se em instituições não apenas reivindicativas, mas construtivas. Em vez de serem apenas meros protagonistas de exigências, muitas vezes com interesses políticos subjacentes, podem dar o exemplo de uma organização que funciona apenas com o dever praticar a justiça social, e de promover uma verdadeira repartição da riqueza.

 

É muito fácil a um sindicato exigir aos empresários aumentos de ordenado e melhorias sociais. Talvez seja chegado o tempo dos sindicatos se transformarem em empresas, onde podem praticar o que exigem aos outros.

 

P.S.- o mérito,( se o há nesta pandemia) foi o de mostrar que quando a incerteza económica domina o mundo, apenas o estado está em posição de defender as pessoas e as empresas. O liberalismo que assenta no deixem-nos em paz que nós fazemos o mundo evoluir, levou aqui um enorme abanão. Afinal, ainda é o estado que prevalece, como nos está a mostrar a Alemanha e a França, só para dar dois exemplos.

 

 

Pág. 2/2