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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Geometria de côr

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Geometria de côr...luz de vida

Atracção de mel....agudo sentir de flor

Invejo a flor vermelha...cacto de sentimento

Perante o espanto do mundo.

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Solitária ave que não está perdida

Solitário balançar de água

Na tarde...a vida...na calma...o meu espanto

Pendurado nas árvores despidas.

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Disfarçada na densa folhagem

Imitas a opaca vida...e a pesada mensagem

Respiração da terra...erguida em árvore

Figueira...alimento...obscuro destino de pássaro

Enchendo o olhar com o verde da vida.

 

Ruelas...

Nasci de um dia longo...junto à base do arco-íris

Acreditei nas cores...no sonho ...e nos cantares...

Acreditei na franqueza...no mar...e num mundo ilimitado...

Sem confins nem perigos...

Fui um anjo perseguido por uma matilha de cães...

Um nómada que se esqueceu da viagem...

Um fantasma débil...um espinho...uma mente...sombria...

Fui pagem de cores fictícias...fiz pinturas venturosas

Sonhei com viagens...e revoluções de verbos esmagados...

Dissipei os meus remorsos...cantei com os galos...

Fui um verme abraçado a uma história de amor...desmedida...

Rebolei-me nos espinhos...e consolei-me com as dores das vogais trituradas...

Fatalmente cruzei a luz matinal...e vi um alquimista no fundo de um lago.

Que sombriamente conduzia o seu coche em direcção ao céu.

Fui sóbrio...nas ruas da cidade apagada...

Fui inacessível...como uma religião desconhecida..

Habituei-me à febre...às larvas...a todos os sofismas...

Fiz crónicas inflamadas em salões sem história

Forneci corpos à alucinação...espreitei para dentro das mesquitas...

Movi os continentes ao som de tambores...inventei magias...

Sacralizei a alucinação do espírito...e a desordem das consoantes...

E acabei queimado numa ruela fétida...

Como um diamante ardente!

reflexos

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Estrada...horizonte...ave aberta ao profundo dourado

Instante transbordando saudade

Infinito princípio de segredo...rota sem nome

Denso nó brilhando no olhar.

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Reflexo...fantasma de nós dissolvendo-se no céu

Vaga paisagem...sabor de vento seco

Tudo o que és aqui te absolve

Aqui escreves todas as linhas que te assombram.

 

Sinais de fogo

Ata o teu coração a um papagaio de papel...

Para que eu possa ver ao longe a tua sombra..o teu olhar...a tua mão...

Para que eu veja em ti...todas as coisas...distintamente...

Para que eu mergulhe nesse céu...onde tu és a boia flutuante..

Que me envia sinais...e risos inacabados...porque solitários...

Porque o riso...esse esgar que a alma envia para a face...

Só se completa....junto a outro sorriso...

E essoutro sorriso é o código da tua porta....fechada? Entreaberta?

Que sei eu de sorrisos...de rostos...de sinais...de alertas? Nada!

Sou um crepúsculo estreito...num largo horizonte florido...

Sou a chuva ululante sobre a calçada...um crente que profana a imaginação...

Porque invento o teu rosto... como se inventasse uma música suave...

Tenho os olhos pálidos...por estarem sempre alerta...como se olhasse um jardim...

E tenho o corpo morno...porque o sol não aquece a janela onde te invento...

Nessa janela onde prostrado...olho o fim das tardes....

E me transformo em nuvem solitária...

Imaginando... que tenebrosas asas me podem elevar...do silêncio...

Para o cimo do mastro real...de onde te possa enviar um sinal...

De fogo?

Paisagem sem tempo

Deixo-me ficar na paisagem do tempo...

Deixo a minha janela aberta para os abismos

Onde reconheço a auréola matinal...que viaja sem direcção...em todas as direcções

Saúdo o sol...como se eu fosse uma cabana solitária à beira de um lago...

Estico os olhos para o raio de luz que aquece a parede...

Porque a janela escureceu e os sussurros que me rondam...

Não se sentam a meu lado...

Ah... pudesse eu poisar na sombra taciturna do teu olhar...

E as estrelas noturnas correriam...para nós...

Os mochos e as corujas...entoariam cânticos...

Como se fossemos um vulcão expelindo lava cor-de-rosa...

Deslizando pelas vertentes inclinadas do nosso estranho destino...

Misturando-se...una...ardente...incendiando todos os nossos demónios...

Numa orgia de fogo branco...que acaricia os nossos medos...

Como uma tarde que abraça o sol caindo no ocaso...

Intangibilidade

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Cenário de secura e verde...calmo dedilhar de dias

Presença de ti...brusca vontade de caminhar

E...perceber o intangível rasto do desconexo da alma...

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Nada de mais...azul e ondas...

Meticuloso desfiar de mar e sal

Astrolábio de rocha serena...onde se incendeia a calma

De uma fantástica revelação:

Todos os dias gastamos a nossa verdade!