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folhasdeluar

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Dias de pura prata...

Caí no caldeirão da vida...

Mas saí a tempo

Saí a tempo de caminhar nas avenidas enxutas de gente

De subir aos terraços... de ouvir a voz do caos.

Saí a tempo de apertar a mão amiga da primavera

De acompanhar as árvores no bosque

Como se pesquisasse tesouros ao sol lento do meio dia

Saí a tempo de ouvir a minha história

Contada em livros feitos de ilusões

Saí a tempo de saber que a sabedoria é nada

Que as carícias são tesouros

Que o pensamento é o palco do sentir

Que a Terra Santa é feita de guerras

Que todos dizem que Deus é Grande

Que as especiarias vieram da Índia

Que os nossos amigos...

São preciosidades que devemos conservar

Que as aves voam em direcção aos rios

Que a luz voa em direcção ao mar

E que muitas vezes desdenhamos o dia que nasce...

Na manhã de ouro

E que todos os nossos dias...deveriam ser...

Dias de pura prata...

Os últimos raios de sol

Quando me sento perante as horas do silêncio

Parece-me que vejo um estremecer melancólico

Que me chama como se fosse um sol sem trono

E que faz do meu olhar correrem águas

Que saltitam pelas pedras...como guizos...

Correm...

Como se nunca tivessem visto um coração virgem de angústias

Nem as garças tristes que me pousam nos braços

Com os quais ergo a taça ancestral da loucura

Que perante os meus olhos se inflama de rubores...

Clamando por belas maresias...

 

Amorosas violetas que escorrem pela noite altiva...

Sussurram à vida alegres queixumes

Gesticulantes...

Como luvas brancas caídas de mãos decepadas...

 

Lá fora a ramaria abana o raro dia que escurece

O sol foge para ir alegrar as nuvens perdidas nos desertos

Enquanto calmamente os corpos abrem brechas róseas

De onde saem místicos clarões...

Convido as gerberas para enfeitar o meu jantar

E para podermos conversar

Sobre as camélias que florescem na sombra

Dos últimos raios de sol que pousaram na balaustrada!

 

 

Para além do inverno

Para além do inverno...uma ferida

Para além do cansaço...um espelho

Ácida orla onde repousas o olhar

Rubro escuro onde afias a tua mensagem

Seguindo a imperturbável  do destino.

 

Escuta...bebe o teu caminho

Esquisso de mar e raiva

Trajetória de mistério

Sobre ti o voo da sombra

Sobre a mesa a pesada palavra

Mensagem de luz...audiência singular

E o mar aflito a misturar-se no sangue

De uma audível folha...

Que cai...como uma boca fechada

Aos rumores do mundo.

 

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