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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Marcelo – O sensato

O Presidente falou e pôs em ordem os “desordeiros”. Parece que poucos se lembram do que aconteceu no Natal. Poucos se lembram que os mesmos partidos que agora exigem o desconfinamento, foram os que culparam o governo pela “abertura” dada aos portugueses na altura do Natal. E são os mesmos partidos, que só porque são oposição, e têm que dizer mal da governação, criticaram o governo e desculparam os prevaricadores que não cumpriram as directivas sanitárias. Alguém com bom senso acredita que estes partidos da oposição fariam melhor que o actual governo? Tenho a certeza absoluta que não fariam. Mas, voltando ao Presidente Marcelo, quando todos pedem para que haja uma nova vaga da pandemia, que era o que aconteceria se houvesse já um novo desconfinamento, ele pôs os pontos no ii e disse, e muito bem, que só depois da Páscoa. Além disso sabe-se que só se deve desconfinar quando estiverem em UCI menos de 200 pessoas,(agora ainda estão mais de 500) e quando os internamentos baixarem para níveis aceitáveis..

 

Voltando aos tais opositores do governo, esses que não têm consideração pelo sofrimento de tantos portugueses que morreram e pelo das suas famílias. Que não têm consideração pelo sofrimento dos profissionais de saúde e pelo seu esgotamento físico e psicológico, a esses só se pode dizer que na política não pode valer tudo.

 

Agora também o PSD vem exigir um plano para o desconfinamento. Acho bem. Mas porque é que tem que ser já, quando sabemos que só pode haver desconfinamento depois do final do mês? E quem disse ao PSD que o governo não está a preparar um plano para desconfinar? Também sabemos que só a partir do meio do mês de Março haverá dados que permitam construir esse plano. Rui Rio devia evitar esse ruído de fundo. Esse falar só para dizer que está vivo. E seria mais responsável se colaborasse com soluções para o país em vez de andar a acender fogos fátuos, e a criar instabilidade na cabeça das pessoas.

Surrealista

Emito um longo sorriso forçado...

Que retiro de uma caixa de lacre chinês...

E depois de almoçar...visto duas mãos imensas...

E vou para o terraço apertar os sapatos...

Sigo depois pela estrada de macadame em direcção ao chapéu de coco...

Que pendurei na palmeira grande...

Plantada à entrada da minha boca...

Coloco depois o meu grande nariz azul sobre uns olhos lacrimosos..

Que se sobressaltam...

Enervados pelo cumprimento fastidioso do meu fato multicor.

Vou trauteando um verbo...

E enquanto peço a bênção para a minha digestão

Convido-me a sentar sob os braços do carvalho centenário...

Passo em revista os meus incómodos...

Faço uma cerimónia em minha honra...sem formalidades...

E vejo passar uma donzela castanha

Que vai deixando atrás de si um rasto de cinza rosa

Saboreio a minha língua

Que passa pelo céu da boca a fugir atrás de um cometa

E que oferece o seu tempero à flor de laranjeira...húmida...

Depois...como que recomendado por um raio fulminante...

Encosto as minhas preocupações ao vapor da transpiração...

Que ofegante se pensa demasiado esbelta para estar ali...

Por isso... ao pé coxinho...

Parto para dentro das minha costelas...e adormeço!

O choro do silêncio

E falou. Falou para ouvir o seu silêncio. Falou para um exíguo céu de cobalto. Queria ouvir a sua voz a rebentar no fundo de si. Falou para a desconstrução do escuro. Para a desocupação de estreita faixa de luz que o atravessava. Queria um caminho límpido para a sua voz. Um caminho desimpedido onde ouvisse a rebentação do mar a ecoar dentro de si. Falou por tudo o que se escondia no seu poço. Pelo mergulho na tela que escondia a sua vida. Falou por dentro da memória que teimava em desaparecer. Falou para a muralha que lhe tapava o caminho. A sua voz atravessou as frestas do seu corpo sedento de nudez. Do seu corpo profundo. Alado. Borbulhante. Vivia nele uma oceânica explosão de vozes. Só uma falava. A do seu silêncio. Reconheceu-a nesse emotivo momento. Nesse grandioso tempo sem espaço. Nesse mergulho negro sobre o coração. E falou. Como se a alma expelisse pequenas bolas coloridas. Soberanas frases que gravou em aras de catedrais vazias. Múltiplas pulsações de pele arrepiada saíam da sua boca. Fatais estrelas de letras caíam aos seus pés. Era o seu silêncio...a chorar.

Tempo musical

No tempo da música a intimidade dos segredos

Poética dissolução do ar

Em que a alma é picada por luminosa vertigem.

 

No murmúrio dos momentos

Acende-se um reino de aves

No avesso da respiração

A ruga de um tempo sem respostas

A pata que esmaga as nossas fraquezas

E a devoção absurda a um universo escondido.

 

Uma saudade em cada parede

Um suspiro afixado em cada beiral

Uma crueldade maliciosa em cada medo

Uma mentira em cada espelho

E uma falsa notícia em cada verdade.

 

Corriam secretos os olhos

Raiavam neles destinos infinitos

Deslumbrantes cores escondiam-se na folhagem

A corrente do acaso a invadir a vida

O fulminante nascimento do amor

E a mansa mão a acariciar o espaço.

 

 

 

As palavras que queres ouvir

Guardo em mim as palavras que queres ouvir...

E não te as digo...

Guardo-as em mim como se fosse um tesoiro precioso...

Uma planície de prata...uma orquídea azul...

Ou uma ave do paraíso com penas doiradas

Guardo-as porque elas não podem ver a luz do dia...

Perdiam o valor...gastar-se-iam..

Mas...quando são mais fortes que eu

E querem mesmo sair...estrangulo-as...

Arranco-lhe as asas para que não voem até ti...

Sou um cruel guardador de palavras...

Um bandido a cheirar a incenso...

Um vagabundo de universos fantásticos...

Um sagrado confessor de ilusões...

Um pedinte a galopar na luz...

Porque as palavras que implodem em mim...

São a luz sagrada que alumia os meus abismos...

Pensamentos soltos

*

Tal como o ácido corrói o metal de fora para dentro...a tua acidez interior corrói-te de dentro para fora...por isso, elimina os teus ácidos... deixa respirar o refém que trazes em ti...

*

Crer não é poder...poder é crer...não acreditando.

Já querer pode ser poder...mas também pode ser poder que se não quer...

*

Por muito tempo que passe na cave....nunca serei o sabor a rolha... que estraga o vinho.

*

O homem vive sozinho dentro do seu corpo...pensar que algo o une aos outros homens é pura ilusão..

*

Todos nós precisamos de um céu nas palavras...como precisamos de palavras para um céu ...por isso te peço...meu céu...envia-me as palavras... e o céu será a minha alma.

*

A liberdade saudável do homem começará....quando findar a febre do consumismo...

*

 

As raízes do mundo.

O trágico veludo do destino

Canta no corpo de um pássaro

Na plenitude da luz..

 

O inverno não passa de uma intenção

Reluzindo em plena paisagem

Como uma alegórica festa incandescente.

 

Penetram fogachos de árvores pela janela

As feridas vibram numa alegria infantil

O tempo desintegra-se nessa manhã alada.

 

Que areal é esse onde os olhos

Se encontram com a espessura do mar

E os cais se somem nos barcos aflitos

Perdidos na auréola da infância?

 

Mágico retorno a um tempo que ferve no sal do mar

Mágica alma coroada pelo disfarce das luzes

Suco de radiação lunar

Lamparina fechada ao ruído das palavras

Destroço de poema escondido

No mergulho de um corvo marinho.

 

Abrem-se os sentidos ao mundo

Florescem pedras na sua própria dimensão

Nostálgicos voos de espinhos

Carne e alma atiradas ao vácuo

Palpitante céu a desabar

Sobre as raízes do mundo.

 

O país é dos funcionários públicos

O país é dos funcionários públicos. Os pensionistas que ganhem até 658 euros vão ter um aumento de 10 euros em 2021. Os funcionários públicos que ganhem até 800 euros vão ter um aumento de 20 euros. Isto é o espelho de um país de capelinhas. Não está em causa o aumento de quem é funcionário público. Certamente é merecido. O que está em causa é a discrepância social. Quem tem sindicatos que os defendam conseguem sempre mais que quem não tem.

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