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folhasdeluar

Poesia e outras palavras.

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Poesia e outras palavras.

Véus de ilusão.

Pensar... serenamente ser...

Veladamente eternizar o som do mundo...

Esquecer...adormecer.

 

Anónimos desejos percorrem-me a pele

Se for preciso aprenderei a cerrar os olhos...

A construir paredes sem pele nem osso

Ah....e também aprenderei a perceber a fonética do mundo

Depois...talvez tenha uma ideia

Um sonho sem esperança...uma ilusão

Depois...quem sabe...

Serei um meridiano a assomar a um sol imaginário

Viverei como vivem os parasitas...nem pequeno...nem grande

Apenas um homem civilizado

A erguer-se como um troféu por dentro da sua hemostasia

Lá ao fundo da rua...

Esperará por mim uma hipótese de contentamento

Desfazendo-me da minha imobilidade de argonauta sem tesouro

Deslocar-me-ei por dentro dos enredos

Como quem constrói cenários fantásticos

Da minha apoplexia nascerá de uma veia que se fartou do sangue

E uma maré de cal...

Apagará a minha sentença de morte

Irónica e despretensiosa a minha ira eclodirá

E...um fogacho de mim iluminará o espaço

Sempre o espaço...para sempre o espaço

A acenar-me com véus de ilusão.

A gargalhada do tempo

Onde existe um rio

Vive uma margem curvada pelas águas

Onde vive um desejo há uma semente a crescer

Caminhamos pelo início das coisas

Como quem segue pelo nascimento de um rio

Somos perfeitos....mágicos...

Sentinelas de uma vida erigida em solo sagrado

Das sombras brotamos como lápides

As janelas ocultam as nossas mágoas irrefletidas

Reflexos de segredos desfeitos...paredes partidas...

Dissimuladas em amáveis risos intemporais

Quem nos conhece

Não sabe que neste nosso interior habita uma outra sede

Uma outra forma de desespero...inato...insano...inexorável...

Castigamos o nosso corpo em busca da nossa fonte da vida...

Disfarçados procuramos ser aquele que nunca seremos

Erigimos passados...abraçamos embaraços

Manipulamos os risos e os ritmos dos dias

No fundo de nós...desvanecem-se sentimentos

Nomes....causas...fedores...

Somos ambíguos como os dias passados a  ver cores frias

Resta-nos os gestos e as marcas que deixamos em cada esquina

Temos a amável humildade

De percebermos que desgastamos os nossos corpos

E que somos fracos estertores do sagrado

Indefesos perante a sonora gargalhada do tempo.

 

O último rosto...

Olhar em frente...ver o que não se pode saber

Adivinhar o pouco que existe nas frestas das ruas

Tocar nas paisagens mais altas...correr.

 

É tão pouco um homem para tão grandes algemas

São tão pequenos os gestos para tão grandes silêncios

Seguir a direito...lentamente acordar o infinito

Morar onde a chuva adocica tudo o que se ama

Enquanto as pétalas das rosas ondulam mansamente na memória.

 

Atrás...a obscuridade das sombras

Em frente...os breves traços das paisagens

Tudo é...nesta densa estrada que corta a direito o coração

Gostaria de sentir o infinito a desenrolar-se sob os meus pés

Gostaria de nascer como uma criança deslumbrada

E sentir na carícia do sol...o peso esplêndido do tempo.

 

Assim...como há enganos em todos os reflexos da lua

Também o jugo das horas

Se despede dos terraços onde deposito os cansaços

Também lá afogo o meu brando triunfo das tristezas

E existo como se vivesse em mim...o primeiro passo

E o último rosto...

Acho que só se deveriam aliviar totalmente as restrições, quando estivesse concluída a imunidade de grupo

Aí vêm mais uma série de sugestões para o desconfinamento. A vêm mais uma série de opiniões de sábios da pandemia. Virologistas. Pneumologistas. Especialistas em várias disciplinas da saúde. Conselheiros de tudo e mais alguma coisa. Tudo a debitar opiniões. Tudo a influenciar o governo. Até o Presidente veio à “tona” das dicas ao primeiro-ministro. O governo, como se a pandemia tivesse começado ontem, age como um barco em dia de tempestade. Não tem uma acção coerente. Agora que o número de infectados está a crescer, (recordo que temos números superiores aos do ano passado aquando do outro desconfinamento), o governo vem abrir tudo e mais alguma coisa. Acaba-se a obrigatoriedade do tele-trabalho, ( aqui o governo cedeu à pressão do comércio que se queixou que o tele-trabalhador não consome) , é melhor arriscar-se a ficar infectado ao comer a sandezita ou a sopita no restaurante ao dar de caras com o vírus. Assim o tele-trabalhador deve aproveitar bem os transportes superlotados, para testar a qualidade da vacina.

 

Por mim acho que só se deveriam aliviar totalmente as restrições, quando estivesse concluída a imunidade de grupo. Assim deveria continuar a ser obrigatório o tele-trabalho, a distância social e o uso máscara.

O descobrir da paz

Se eu soubesse dizer-te

Quais são os caminhos por onde vagueiam os sonhos

Se eu soubesse penetrar na secreta elegia dos silêncios

Ouviria certamente os suspiros das pedras

Ecoando nos caminhos poeirentos

E sentiria os rios correndo

Por dentro dos olhos extasiados dos pássaros.

 

Veria erguerem-se sóis enfeitados por esplêndidos azuis

E sentiria os rumores de uma ardente tarde a entrarem por mim

Como nómadas de céu e sede

Como se soubessem coisas que ninguém mais sabe

Como se descobrissem em mim...o lugar...o espelho...

A paz...

A fome de ir mais longe

Há dias que o vento é mais curto que o olhar

Há dias em que o sol açoita a febre das papoilas

Nesses dias...

Sentamo-nos na sombra mais longa do passeio

Aproveitamos os pequenos gestos de quem passa

Sentimos a tentação do sono

Caímos nos espaços...somos corpo e abandono

E do mistério que se levanta aos nossos olhos

Sabemos que nos espera um mar de espelhos

Onde uma sede de nada ...oscila nos nossos braços

E a fome de ir mais longe... arde nos nossos passos.

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