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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Apenas a dispersão da alma.

Havia um espanto novo a baloiçar-se na brancura das águas

E nós...nus...ali estávamos  como fogos intemporais

A luzir na brancura do mundo.

 

O sol abraçava a lisura das rochas

Porém...havia uma sombra a decepar o dia

Havia uma hélice de sal a cortar a nossa respiração

Sabíamos que havia um fio de terra...ao longe

Que pedia a nossa alma despida.

 

Jamais seremos sonhos ou luzes

Habitam hoje em nós as sombras de um ácido corrosivo

Já não sabemos qual a cor dos prados

Nem subimos ao cume da tentação

Somos a madrugada ausente

A viver na falha geológica da memória.

 

Perdi-me no percurso dos dias carnívoros

Já não sei como afinar as cores da maresia

Já não sei como descer ao mundo

Agora vivo no deslumbramento de um amanhecer tardio.

 

A boca assombrada...nocturno recomeço de um sol a pino

E mais nada...apenas a dispersão da alma...cansada.

Na modulação do vento

Deixem que vos diga

Que do alto vem o sonho de quem habita a luz

Que na modulação do vento há uma planície de música

E nos recantos dos jardins

As flores lançam os seus insultos

Sobre quem adormece no nevoeiro cerrado à fantasia.

 

Deram-me o mundo e uma respiração fatigada

Deram-me um céu onde todos os dias vejo cores

Deram-me a fragilidade das aves

E deram-me uns olhos maravilhados pelo desabar nocturno das estrelas.