Apenas a dispersão da alma.
Havia um espanto novo a baloiçar-se na brancura das águas
E nós...nus...ali estávamos como fogos intemporais
A luzir na brancura do mundo.
O sol abraçava a lisura das rochas
Porém...havia uma sombra a decepar o dia
Havia uma hélice de sal a cortar a nossa respiração
Sabíamos que havia um fio de terra...ao longe
Que pedia a nossa alma despida.
Jamais seremos sonhos ou luzes
Habitam hoje em nós as sombras de um ácido corrosivo
Já não sabemos qual a cor dos prados
Nem subimos ao cume da tentação
Somos a madrugada ausente
A viver na falha geológica da memória.
Perdi-me no percurso dos dias carnívoros
Já não sei como afinar as cores da maresia
Já não sei como descer ao mundo
Agora vivo no deslumbramento de um amanhecer tardio.
A boca assombrada...nocturno recomeço de um sol a pino
E mais nada...apenas a dispersão da alma...cansada.