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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Há muito tempo...

Enternecidos poemas caem do sonho que vibra na alma fresca da noite

Em redor de nós..a madrugada fustiga o sono incerto dos agapantos

Abandono-me à voz que me acorda..aos vidros espelhados da tempestade

Sou como o marinheiro que desperta perante a imperfeição do leme

Sou o adolescente sono que cobre a fantástica água da nudez

E as promessas...são percursos cheios de armadilhas subtis

Sei que dentro de ti mora a face nua dos sorrisos..o vício de seres imperfeita

A oferta dos ombros despidos...o cortante vento que cobre a nossa embriaguês

Agora já não importa

Que a noite se cubra de filamentos nervosos

E que o vinho se entorne pelas palavras

E desça até à nossa pele

Convenientemente

Agarro-me à jaula onde depositei a minha loucura

Rio de coisas que os copos me contam

Tenho nos lábios o desgaste das luas

Tremo perante a teia que a ternura obscurece

Mas dentro de nós descobrimos sempre mais sorrisos

E a fresquidão da luz traz até mim os olhos do mar

Sobreviverei ao caminho

Que toca os meus pés de náufrago cambaleante?

Ou insurgir-me-ei contra o vento

Que me surpreende junto à janela?

Vento que me diz que há uma noite que queimei junto a ti

Há muito tempo...

Lembranças

Ainda consigo lembrar-me da paixão que sentia

Quando o mar me desanuviava a cegueira

Ainda me recordo da voz que ecoava

Na rubra maresia da tarde.

Havia chamas imensas

Insaciáveis apelos ao corpo

Feridas que a luz distraída alumiava

Havia a fome de uma ânsia gretada pelo orvalho

Excessiva ânsia que tremeluzia

Por dentro da ferida que alimentava o coração

Já não sei onde estão os séculos

E o esplendoroso tempo das poeiras

Já não sei mesmo se a penumbra

É uma chama que grita por silêncio

Já só quero chegar ao ponto mais profundo de mim

Atingir aquele vórtice que a poeira dos dias alumia

E ali deixar o meu corpo perder-se

Permanecer imóvel perante o mar

E sonhar ser o olho e o voo intrépido da águia.