Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Aqui vai a primeira parte das comemorações do Dia Mundial da Poesia.
Quem tiver paciência que veja...
No pino mais alto do dia... construí um mundo
Na vertente mais inclinada do mar
Desabrochei em cascatas de côr
Depois...foi só esperar...
Que uma bandeira de flores se agitasse ao sonho
E o vento me chamasse
Por dentro do meu remorso
De ser tarde e breve alma...desfocada...
Enfeitada com a indiferença do sangue escoado
Pela campina que entardece...
Arrastas o triste dia pelo cunho das ruas
Onde um sol de lobos amolece a alma
Não és mais que carregador de mundos
Onde és pegado pelos cabelos
Em direcção à vingança do futuro
E se te ergueres como uma bala nua
Despreza o tempo...grita na rua
Porque sabes...que todas as securas das marés
Esperam por ti.
Se me disseres que na côr dos poentes ardem febres
Se me disseres que para além do mundo
Ainda resta uma longa estrada
E que as trovoadas ecoam na lonjura dos vales
Se me disseres tudo isso...
Eu então respondo;
Que não há nada melhor que a calma de uma tarde
A espairecer dentro de nós...
E a estender-se dentro de nós
Sôfrega do nosso corpo
Como se o mundo morasse na luta que travamos com o olhar
Não para descobrir...mas para inventar
Outros mundos...
Dia 19 Março é DIA MUNDIAL DA POESIA, apareçam no Palácio da Quinta da Piedade na Póvoa de Santa Iria, onde estarei,( acompanhado de outros poetas e poetisa) a dizer poesia.
Venham que é de borla e estão todos convidados. Façam-me uma surpresa.
Tu que amoleces os sonhos em charcos de lama
Que secas a pele na quietude colérica dos dias
Acorda a carne...
Alimenta essa tua imberbe placidez
Com a secreta secura das lágrimas
Com a virtude perdida...num poço de fundo opaco
Onde a luz não chega...e as estrelas não encontram espaço
Despedaça o teu corpo nessas escuras estradas
Dobra este sol com a tua implacável vontade
Não deixes que os rios sequem nas tuas mãos
E..mesmo que os olhos tremam como vagabundos do silêncio
Guarda o teu segredo na terra despida.
Ai este espanto a calar a verdura do vale
Ai esta pena de pedra a estalar na carne
E este sussurro da luz a ecoar no coração
E este frio a entrançar a pele
Estas asas de grito a estalar na lonjura do espaço
Ai como eu ardo
Como fumega a minha nostalgia
De não ser mais que uma pedra
E não poder voar...
Sento-me neste lugar pejado
Com gritos de búzios e risos de sol
Pés marcados na pedra
Alma e coração nas nuvens.
Asas de insónia na verruga da noite
E o espanto de fragas
Nos cabelos de criança
A repousar num chão de lua
A esperar a curva do dia
Com esfarrapados silêncios
Que calam a miséria da secura dos olhos
E a fome de luar...
A vida acaba onde o sonho começa
A vida começa onde o sonho acaba
Tudo é um eco ...sempre repetido...
Sempre imperante...silencioso...
Como a luz que desce das cinzas do luar.
Sombra lenta e real
Que cavas nos olhos do silêncio
O fim e o princípio de tudo
E vives numa floresta
Que se revela nas raízes que não vemos
Como se o avesso de amor
Fosse o musgo que se cola à pele
Como uma dor
Disseminada pelo corpo dos dias.
Voo de pássaro sem vida
Voo de ave sem fundo
Poço de tudo
Poço de vento...vida
Que a fuligem dos corpos cobre de mistério
Bica se alimenta de águas irreais
E o sonho é apenas um rio
E nada mais....
Conheço um pássaro que vive confuso
Não sabe do tempo...não sabe do mar...
Não sabe do mundo
É um pássaro de cores... tem penas de luz....
Vem do nevoeiro
Eleva-se no ar com asas de vento
Sempre a assobiar...sempre a divagar
É um pássaro que voa por dentro do tempo
Mas não sabe que além... há um mar todo azul
E vive na ideia... de ser um pássaro...
Que voa...num céu de veludo
Sem limites nem chão...
Tem tempo para tudo
Tem vida para nada
E vive na ideia de um tempo que ignora!