Sonho sonhado
Fabulosos passos..chuviscos
Sombra de águas distendidas
A mudança...muda...o mito
A raiva foge dos corpos
A esperança escorre pelos juncos
O perfume do poejo aloja-se dentro de nós
O amor ausenta-se...a lua suja-se
Ao longe vozes feitas de areia
Cheiram os despojos dos corpos
Muralhas erguem-se no vácuo
Lençóis lavam-se no sarro dos dias
O sono desperta nas fotografias
A cal cai das paredes...paradas...irrelevantes
A boca insiste em falar das coisas ausentes
Demoras...dedos..o teu cheiro
O deserto revela-se
Há um desastre em cada oásis
Uma túlipa em cada coração
A sede devasta o interior dos corpos
Assombra o esquecimento..cai sobre a poeira
Os dedos amarelecidos..o inverno cauteloso
O dia de papel...
Fanático como a Alqaeda
Desenvolvendo-se em rotinas assassinas
Que rosto se revelará nos dias escuros?
Que promessas eclodirão no aço das flores?
Que seiva morna escorrerá da sede?
É tempo do sonho das aves
Do abandono das sementes...de cantar
Eis aqui o dobrado afluxo do sal
A triste visão das mãos caídas...o aperto nos lábios
A alucinação inocente...as asas..as velas...o sonho impossível
Enfim sonhado...