Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Coisas fugidias

E vamos como dunas enfunadas

Excessivas e fugidias

Em nós brilha a luz do fim

A sílaba que salta do cardume prateado

Nos oceanos moram os sonhos

As coisas sem nome

O corpo quente das distâncias

Esperamos que as marés nos tragam a garrafa

A mensagem que diz para não nos perdermos...

Trouxe-a um peixe

Carregou-a de significados

Separou-a dos pensamentos

Já não há mãos a acenar

Os comboios agora são apenas fins de cidades

As sensações são agora coisas que balbuciamos

Asas de pássaros submersos

Corpos de algures

Abandonos de flores...murchamos

Murchamos pelo excesso de palavras

Murchamos porque os rios são sementes de lodo

Murchamos...quais golfinhos sem cauda e sem família

Abandonados ao frio das redes

Corpo de homem e cabeça de marinheiro

Maré..maré...maré alta...estrela afogueada

Elemento primordial da divisão das estrelas...

fim e infinito

onde?

 

Na minha memória

Na minha memória tenho o teu corpo entrançado

A tua ausência é um cheiro que guardo

Um rosto...uns lençóis...um desejo

Demoro-me no meu deserto

Esqueço a noite e corro pelo vácuo

Sonho com a minha última visão

Poeta..peregrino amarelecido pelo esquecimento

Nunca mais voltarei a cantar com a tua boca

A dizer-te que nenhum outro rosto se sobrepõe ao teu

Vejo a neve... a frouxidão dos corpos

Cordilheira de gritos...dedos e sede de pele

Sonho que sou o canto da ave

O andarilho do violino

Persigo a quimera que se derrama dos dias

Busco nas flores o êxtase do teu lugar

Mas a corrosão dos caminhos é um espaço desabitado

Uma lua fingindo ser luz

De manhã percorro a monotonia que se derrama pelas ruas

Bocados de coração chegam-me à boca

Desfaço-me em lugares esquecidos

Afrouxo o passo...

Escuto o silêncio a esvair-se por mim adentro

Cismo pertencer à imobilidade do dia

Sei que em todos os lugares há abandono

Ausento-me do sonho de te reencontrar ...

Finjo ter asas de mariposa

Coloridas como sementes de paz...voo...parto

São horas de reflorir....