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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Chão queimado.

Corpo de cristal

Vulnerável horizonte bailando no espaço

Buraco imaginário som de equilíbrio

Dança de folha hesitante

O cerco da cinza

A submersão iminente de um murmúrio

Inesperada pose de folhagem aberta ao azul

Que sei eu do espaço?

Em que harmonia habito?

Que mastro me empurra na diluição dos dias

Que proa desfaz o muro

Que sinais me traz o vento

Vou errando pelas intermitências do impenetrável

Aceito a febre...o instante...a página branca

Aceito todas as direcções e a falta de direcção

Corro e sou apenas uns olhos em fogo

Tudo é confuso e tudo se apaga

Animal solta à claridade

Sopro que irrompe por dentro das veias

Que resposta darei à indecisão do espelho

Nada direi até que o saibro seja mole

E o sol seja mais que uma febre

Seja mais que uma pausa

Que ilumina o instante em que os corpos se levantam

De um chão queimado.

Corpo nu

O corpo que se esconde do olhar nu

O breve espaço do vazio

Côncavo ardor do beijo que se solta

Toalha de luz que suaviza a distância

Súplica do corpo livre...queda vertical

No chão nos desfaremos

Nu cúpula das árvores o vértice do exílio

Solidão anónima...filtro de sonho efervescente

O silêncio da montanha

Água e terra veios moldados a fogo

Duríssimo fluido escorrendo da noite escura

Outro som nasce do sono das algas

Outra abóbada pousa no cansaço das estrelas

Nada resta dos vincos da noite

Apenas o sopro de certas palavras

Alumia essa noite húmida

Essa magra lâmina que corta os olhos

Subitamente um galo corta o silêncio

E todas as dores se tornam brancas

Como se por debaixo da pele

O corpo permanecesse nu de todas as coisas.