Chão queimado.
Corpo de cristal
Vulnerável horizonte bailando no espaço
Buraco imaginário som de equilíbrio
Dança de folha hesitante
O cerco da cinza
A submersão iminente de um murmúrio
Inesperada pose de folhagem aberta ao azul
Que sei eu do espaço?
Em que harmonia habito?
Que mastro me empurra na diluição dos dias
Que proa desfaz o muro
Que sinais me traz o vento
Vou errando pelas intermitências do impenetrável
Aceito a febre...o instante...a página branca
Aceito todas as direcções e a falta de direcção
Corro e sou apenas uns olhos em fogo
Tudo é confuso e tudo se apaga
Animal solta à claridade
Sopro que irrompe por dentro das veias
Que resposta darei à indecisão do espelho
Nada direi até que o saibro seja mole
E o sol seja mais que uma febre
Seja mais que uma pausa
Que ilumina o instante em que os corpos se levantam
De um chão queimado.