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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Alfabeto inacabado do sentir.

Febril hora

Que bebes os dias no princípio dos regatos

Parco amor que separas o rosto da noite

E num resquício de fogo bebes a solidão

Por agora apenas disponho da cegueira das horas

E no fundo das gotas da chuva

Refaço a minha própria aventura

Procurando conhecer o mistério da dispersão das imagens

Procura a revelação do rosto

E do nome que encanta o entardecer

Procurei a porta

No calor que o vento entorna pelo caiado das paredes

Reparo que a sombra é cega

E que o medo é um jardim

Regresso a mim

Desconheço as coisas que vivem nas areias

Desconheço se no centro da terra também se vive de solidão

E procuro regressar

Ao tempo intransponível dos teus braços

Diluir-me num barco feito de maresia

Encontrar outro tempo e outra espada

Rir..como se a vida fosse curta

E tivesse outro tempo de partida

Outra rota açucarada

Volto os olhos para o deserto

Bebo-lhe o tempo que vive dentro das sílabas

Aceito partir contigo nessa galé feita de mares

Nesse sonho feito de mágoas

Somos cem...somos mil

Somos números que vivem

No núcleo ensimesmado das estrelas

Apesar de tudo

Nada existe

Se não passarmos o obstáculo intransponível das ruas

Se não andarmos a pé pelas avenidas

Se não nadarmos nus nos gelos do norte

Se não formos o alfabeto inacabado do sentir.

Sonhos impossíveis...

Invoco a minha carne dispersa pelo entardecer

Disfarço a minha ausência

Debaixo dos andrajos que me restam do corpo

Arredo-me dos caminho

Sou a gazela fugindo da secura da cidade.

 

Um dia percorri todos os estremecimentos da luz

Fiz de mim um fogo fátuo

Transpus os portais do silêncio

Queimei as horas e despedi-me das sombras do meio-dia

Ceguei

Porque vi descerem pequenos raios de luz sobre a lividez dos rostos.

 

E o deserto marcou a sua passagem pelos jardins

Caminhei devagar pelos ruídos

Alguém me perguntou pelos sonhos

Interrompi os passos

Abri os olhos sobre o mar

Ali estava o berço

A voz aniquilada do sol

A velhice sem lembrança

O desprezo dos ventos..morava também ali

Junto à entrada daquele mar feroz

Avancei por mim adentro

Lembrei-me de bater à tua porta..persegui-me

Mas a lama dos poço profundos

Agarrou-se ao meu caminho...

E desfiz-me numa enorme constelação

De sonhos impossíveis...