Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Regressos imposssíveis

Era o tempo das constelações

O tempo aberto ao mar e à ferocidade do mundo

Era um tempo sem respostas

Um tempo onde brilhava a morte e a vida

Ao longe

Alguém se despedia da fala das cidades

Alguém dizia que o sol

Andava descalço pelo caminho dos homens

E que pernoitava nas persianas

Polvilhadas de sedutores olhares

Avançar contra o tempo

Era a ordem salgada do relógio

Dormir sob o néon

Era o desprezo da lama embriagada das ruas

Pacientemente construímos esse despedir de searas

Esse caminho íntimo

Que brilha na auréola maravilhosa das açucenas

Mas eis que alguém se despe da lenha seca que o consome

Eis que alguém arde nesse avançar de vida

Quem sabe se um dia a sombra da tarde

Se ergue nua e bela

Quem sabe se as cores despertarão do marasmo dos pincéis

Para colorirem a orla dos bosques

Com tintas de ouro fino

Onde o acaso descansará

Nos braços húmidos dos anéis de fogo

Eis a dispersão dos sacrifícios

Eis aquilo que não sei e quero dizer

Eis a dor e o perfume sonoro das trovoadas

Passou o tempo das perguntas

Agora é tempo de amar a doce nostalgia dos portos

Agora é a altura certa para olhar de frente o clarão do infinito

Porque depois...

As pálpebras apagam-se

E os regressos são impossíveis.