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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Dias inacabados

Cheguei à vida imaginando que o meu tempo era infinito

Que os meus pés que pisavam a areia

E se molhavam no espelho das praias

Eram os cúmplices que eu precisava para a viagem

Que os reflexos dos navios amavam o infinito da gaivotas

E os solstícios que vagueavam rente às ondas

Eram a textura dos dias inacabados

E havia uma linha por onde a luz se escoava

Um apito de vento que caía sobre as ondas

Uma planície feita de sensações e chão carregado de sinais

Espero ainda que o mar me traga a página em branco

Que um bando de andorinhas-do-mar permaneça junto às falésias

Para eu ter a ilusão de ser feito de penas e asas

De voar pelos recantos

Onde o reflexo das palavras possua a geometria da solidão

E me explique os pressentimentos do tempo

A medida inodora do silêncio

A escala da alma perante o branco caiado das paredes

É tão longa a sombra da azinheira

É tão grande um rosto sem nome

Que entre medir o tempo e viver

Há um dislate de que se agarra aos corpos

Como um olhar que olha sempre em frente

E não vê vivalma...

A dimensão do amor

Gosto da maneira como os dias se esquecem de inventar o mundo

Gosto de praticar a arte de percorrer a vida com os olhos desprotegidos.

 

Há um abismo entre a razão de existir

E a emoção intolerável dos teus lábios

Há uma largura alta e forte na tua alma

E um prazer permanente a adocicar as emoções

 

Gosto de apertar em mim todas as dimensões do espaço

E depois de beijar o infinito..inventar palavras de amor

E escrevê-las com a minha língua no teu corpo nu.

 

É excessiva esta tempestade de lágrimas

Há tanta gente dentro das lágrimas..

Que a tempestade é sobretudo uma forma anónima de te amar...

 

Chamo por ti e fecho os olhos

Pratico a inexistência de ser saudade

E paro dentro dos silêncios da tua voz.

 

Há uma geografia dentro de um orgasmo

Uma maneira de aplacar os temores

Resta-nos o gosto de ser carne...

 

Prometo que dentro do frio moram as fragilidades da morte

Abro-te como a uma porta

E esqueço-me de sair...