Como quem se suspende de si
Eu que já fui lume pálido
Que atravessei ramagens e primaveras distantes
Que me embalei na clara fantasia das tardes
Sabendo que irias chegar como uma esperança
Ou como um poente onde se desfolham ventos de ternura
Onde a poeira que me cobria os pés era um fruto do caminho
Mas eu sabia que uma divina voz me viria acordar
Que para lá de todo o caos um caminho se abriria
Tão completo e pleno
Como quem se suspende de si
Como quem segue rente a um horizonte fantástico
Ao encontro de um amor transbordante e denso
Como uma nítida paisagem onde jorram fontes
Onde me apago no teu abraço terno.