Cantos ambrosianos
Ainda a terra se agarrava às minhas mãos
E já sobre o meu corpo cavalgava o silêncio das salinas
Dos cascos do destino saía o amanhecer
Era o fim dos lugares obesos com a poeira das horas
Talvez os dias sejam cítricos nascimentos
Talvez se recostem nos leitos dos mares
Talvez procurem nos cadernos
As palavras doloridas de Éluard
E inventem nas insónias dos deuses
O cansaço que sentimos de esperar por nós
Veremos o lento azul da luz...o corpo irrevelado
Feito patamar de outra existência
No desconhecido abriremos chagas...planícies...ilhas
Então fecharemos os olhos
E imaginaremos corpos lindíssimos...geométricos
Cantos ambrosianos eclodirão nas cavernas
Recordarão que o tempo não tem medida
E que a grande página que nos cerca os dias
É feita de outra escrita...
De outro sinal...de outro trigo.