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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Luz do amor

Luz de esperança...amor tranquilo

Lisa luz que tudo ilumina

Nada me toca mais que aquele momento fundo

Em que o céu floresce em nós

Como se soubesse que tudo é um precioso engano.

 

E se eu me for? E se tu te fores?

Intangível e breve momento de nada

Sinal de campo quebrado e musgo profundo

Esquelético engano de dar e receber

Possuir e não ter...ter e não possuir.

 

Não temos como saber o comprimento dos dias

Apenas sabemos que nos esperamos

Como duas árvores que amadurecem

Na translúcida tarde marinha.

 

Apenas espero de ti a inundação

Como tu esperas de mim tudo o que não quero ver

Como se fôssemos o princípio do amor

Amortalhado numa eterna ausência pura

E sempre presente.

 

Para a I....

Como um pensamento

Caminhei nessas trevas cobertas de pétalas

Nessa noite em que o vazio

Foi expulso pela espargia da manhã

Gravaste em mim o precipício...as palavras fugazes

O leme violento da aurora

Por quem dobram os sinos nessa repetição sonolenta dos dias?

Que céus se encolhem no sono inacabado dos anjos?

E as cidades...e o verão...

E os exércitos de cordas vocais a entoarem hinos absurdos

Onde despertaremos um dia meu amor?

Onde deixaremos o brilho plástico das águas?

Para onde fugiremos?

Uma vez dediquei um poema inteiro ao brilho dos teus olhos

As minhas mãos puxaram até mim as palavras que os lábios calavam

E foi como se uma vela se incendiasse

No gelo nocturno do meu peito

Ah e as calamidades? E as extinções?

E o fulcral aperto dos lugares vazios?

Sairemos como vencedores deste jogo aflito de palavras?

Ou a escravidão heróica dos dias submeter-nos-á ao silêncio?

Já não me lembro do tempo

Em que as harpias pediam perdão aos homens

Desse tempo em que o sangue

Circulava ininterruptamente pelos becos

Inundando a vida com as suas pulsações inebriadas

Caminhando pela palidez dos portos

Infiltrando-se na maresia açucarada dos corpos

Ai meu amor...limitamo-nos a estar vivos

A sorrir...a procurar o amparo das mãos

Como turvas excrescências

Evoluindo debaixo de um céu absorto

A pedirmos rendição...calados...sussurrantes

A invadir as flores com pólens de felicidade

Em que lugar encontraremos essa luz que apaga as cidades?

Essa luz avassaladora que corre sem destino nem amparo

Como um véu...como um verão...como um pensamento...