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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

O vale de descontos Pingo Doce

vale00100.jpg

Não tenho por hábito comprar no Pingo Doce, mas como abriu uma loja perto de onde vivo lá fui.

Na primeira vez deram-me logo este vale de 5€. Li o que dizia e interpretei (que fazendo uma compra de 15€ podia descontar o vale), ou seja, que me obrigavam a gastar 15€ para ter os 5€ de desconto.

Quando precisei lá fui, ( ainda dentro do prazo), fiz as compras que totalizavam 35€ e entreguei o vale.

Aqui comecei logo a ficar com comichões, o vale não abatia, o vale não estava a funcionar. A funcionária da caixa também ficou admirada e chamou uma colega para a ajudar.

E veio a resposta, para ter acesso aos 5€, tinha que gastar pelo menos 15€ em compras à minha escolha e mais,(pelo menos) 5€ em peixe fresco, o que quer dizer que o vale só funcionava com peixe fresco.

Podiam ter-me oferecido o vale para gastar em peixe fresco, que era essa a finalidade, mas não, tinha que gastar ainda mais 15€ para obter o prémio.

Senti-me enganado. Senti que me estavam a tratar como um mentecapto, que não percebia o que estava escondido por detrás do vale.

É claro que aqui não é relevante a quantia, é a forma encapotada da actuação do Pingo Doce.

Não gostei...e as compras ficaram lá.

Trouxe comigo o vale que deu para fazer este post.

Não se deixem enganar e....boas compras...seja em que supermercado for.

Como se não fôssemos ninguém

É tão curta a distância entre um gesto e um beijo

Entre o estar e a ausência

Será que nos perdemos quando rasgámos a fotografia esquecida?

Será que do nosso vazio inventaram flores vermelhas?

E que do nosso sangue despontaram sátiros?

Onde começaremos?

Onde estaremos no fim despropositado dos dias?

Ardem-me os olhos e as palavras

Um pássaro voa pela toalha da mesa

Restos de açúcar...

São minúsculos despojos de esquecimento

Bebo a imagem vertiginosa do caos

Sulco de sangue na bruma da tarde

Os pássaros espalham versos pelo entardecer

As paredes esvaziaram-se na hipocondria dos dias

E a espuma dos barcos traça uma recta

Irregular imagem de partidas

Na ausência das paredes

As fotos falam estranhas línguas

Límpidas...as dúvidas..

São sirenes de navios a avisar o vazio de nós

Penso que a noite é cega

Que é como um além que nos separa

Por dentro da vidraça o medo acumula-se

A rua despede-se dos nossos passos empedrados

Enquanto nos jardins..os insectos colhem mel

E a melancolia invade os poros das flores

E nós..aqui estamos

Como se não fôssemos ninguém....