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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Noite e insónia

Chegamos com obscuros olhos

Rasgam-se em nós mapas e arquipélagos

Sentimos as palavras que nos alumiam

Somos medo e granito e somos segredo

Na brancura dos nossos passos dormitam sombras

Mistérios...remotas eras

A vida surge ao nosso olhar

Como a alucinação dos promontórios

Mares e tempestades assolam a nossa alma

Os pântanos são planícies feitas de prata suja

Construímos lendas a partir dos sinais que as velas ostentam

Apontamos o dedo aos martírios

E descobrimos

Que dentro da tempestade há um perfume inebriante

Sabemos que pertencer à tribo das constelações é como uma febre

Uma febre que nenhum termómetro assinala

Assim...

Há que alimentar o nosso rosto com novas paisagens

Há que caminhar pelos dedos dos alucinados

Ser a pelagem da vida

E se descobrirmos no canto dos barcos as rotas desconhecidas

É porque dentro de nós ainda vive um sonho inacabado

Um sonho que nenhum mar corroeu

Nem nenhum sal desbotou

Sabemos que cada vento trás consigo um poema

Que cada passo nos aproxima do corpo dos frutos tropicais

Sabemos que o tempo é um agitar de lutos

Surdos tempos...doces cantos

Que nos acolhem

Dentro de um xaile feito de panos antigos

Pesados como a noite e a insónia...

 

Uma ruga que empalidece

Espiamos a vida...queremos ser grandes

Como se crescer

Fosse apenas a alma a explorar as razões do corpo

Mas voltamos sempre àquele lugar onde fomos pequenos

Onde cabíamos no voo firme dos sonhos

E onde explorávamos todos os segredos

Talvez dentro de nós

Hajam silêncios que merecem ser contados

Luzes que se acendem na urgência de ganhar espaços

Os caminhos perdem-se nas penumbras

E os dias tornam-se espelhos onde martirizamos os rostos

Mas há um caminho que percorremos

Para trás e para a frente

Uma ruga que empalidece

Perante a ferrugem fascinada da pele

Mas ficamos presos

Agarrados à impossibilidade da fuga

Na desordem de sermos nós

Na nossa mão cabem todas as banalidades e todos os risos

Todos os corações

E todas as luzes que alumiam as rotas incertas

Fosse eu uma criança e diria que nada me dói

Que o voo das aves culmina numa mariposa estrelada

Que as estrelas são mundos a brincar aos sóis

E que o meu olhar fica hipnotizado com a beleza das ilusões

Fosse eu criança e saberia muito mais de mim

Cantaria pelas ruas até despertar os silêncios e as cinzas

E deixaria que a vida me agarrasse pelos pulsos

E me levasse...contigo...