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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Como uma pirâmide na solidão do deserto

Cravo os olhos na imagem que passou

Sei que a memória

É como uma luminosa fonte de outros lugares

Recomeço de lumes e de espera

Cristal de sonhos rasgando a noite

Esqueço os recantos onde o vazio espera

Os sonhos cintilantes...o corpo desalinhado

Percebo que é vida é um correr imparável de imagens

Filmes...rio esculpido em sons

Sempre com o mesmo final

Sempre com essa irrelevante irrealidade

Guardo a tristeza dentro deste corpo

Como um segredo antigo... esvaziado

Talvez um dia o meu corpo se lembre

Que o riso chega do fundo de mim

Talvez um dia da escuridão desgastada do corpo

Se ergam astros luminosos

Talvez no lume da memória a vida volte a ser cristalina

E o vazio...

Seja apenas um imenso mar cheio de resíduos cintilantes

Sei qual é o segredo que está suspenso no tempo

Conheço a germinação do medo

E a ternura do regresso

Sei que tudo é o avesso de tudo

E que as estátuas se riem dos sonhos

Sei que todas as coisas

Se materializam numa cidade agoniada

Posso tocar nas cores...desfazer os osso

Descobrir o vazio das estrelas

Conheço o peso dos desejos e a sinfonia das catástrofes

Eterno é o mistério..irrelevante a realidade

Estendo a mão...toco na minha imagem...existo

Como uma pirâmide na solidão do deserto.

 

Breves notas musicais

 

A sujidade do tempo rola sobre os poros das palavras

Distantes corredores assombram os passos da paisagem

Nada se distingue na rispidez branca da manhã

O corpo...alimenta-se de frios e de sombras

Pedras despejam iodo sobre a maré vazia

E as portas extinguem-se num lento desmoronar

Rodopiam plátanos..afagam-se veias

O interior dos ossos sacode o cansaço

Mas porquê este vulcão a existir?

Porque está fechada a fome de infância?

E fico-me a comer as fotos desfocadas dos dias

A beber a espuma..a rasgar a pele

E o medo da noite a zumbir num rodopio de andorinhas

E o cansaço a desfalecer com o crepúsculo

E o coração a enxamear a rua

Com incandescências de devassidão

E a longevidade dos fogos

E a lua rente à pele

E o amargo sabor dos receios

Minúsculos torrões de prata cobrem a nossa voz

Descalços passeamos as sílabas

Breves notas musicais aquecem-nos

E tudo se extingue numa sombra inacabada.