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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Na noite que se acende

Restauro em ti as minhas forças o meu dilúvio

Lá fora o mundo ponto e contraponto

Esfera de eco vaga concêntrica amor

Paz de destino bagagem pura

Cascata imaginária corpos nus

Caudal de flores beijo de ametista

Caminho de dois peregrinos de estrada

Raiz de árvore ramagem de línguas

Círculo de pedra casa fortaleza

Acordar sem distância frutificar

Brilho de asa voo de corpo liso

Beiral de lua margem de olhar

Ver ver-te no silêncio que escorre

Tocar tocar-te deriva florida

Caminho geométrico pura superfície

Os dois poisados

Na noite que se acende.

Como um bote que parte

Há toda essa espécie de passado

A ferir-nos a lucidez inabalável dos dias

Há todo esse sentir que o destino

É uma assombrosa aventura da consciência

De que nos serve todo o Universo a dispersar-se no nosso sangue?

De que nos serve descobrir

A flecha distendida pela mão do futuro?

De que vales...de que águas...

De que ânsias se fazem os contentamentos do mundo?

Olho a rua...

E vejo candeeiros que se acendem para a noite exorbitante de olhares

E penso …

De que verdes se fazem as árvores no escuro nocturno?

Que silêncios ecoam nos coágulos brancos das memórias?

Sabemos que o mundo é uma garra

Que se ergue na penumbra ansiosa dos remorsos

Sabemos que o cerne da Morte

Reside no inabalável clarão da Vida

Sabemos que a brancura da espuma

Vem das profundezas do céu

E que os olhos voam

Tal como as aves se sentam nos bancos das nuvens

Mas o Mundo...

Essa extensão de vales e de passados

Essa ansiedade exposta

Aos vendavais que se erguem das aflições

Essas almas...quase vida..quase nada..quase tudo

Espalham-se nos prados

Ecoam nas lezírias

Sobem até ao último cansaço dos corpos

E há trovoadas...há impressões...

Há cheiros a cinza..compactos..fluidos...verdadeiros

E as copas das árvores dançam na loucura dos quartos

A alegria é uma recta oblíqua e fantástica

A empurrar o céu para dentro de nós

A estalar na manhã das neblinas ofuscantes

A empurrar-nos para dentro do além

Como um bote que parte sem velas nem vento.

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