O princípio de ti
Gostavas de saber tudo o que podes ser
Gostavas de espalhar magias..segredar aos mares
Gostavas de desembocar numa rua
Onde as feridas da alma se lavassem na textura das luzes
Gostavas de saber que inúteis dias se desprendem dos gestos
Que asas voam em direcção a um mar amorfizado
Que águas se pressentem no tempo das tempestades
Que telas se escondem
Por detrás das coisas que te transportam
Hoje é o tempo das janelas
Que se abrem a um tempo de melancolia
Hoje é o dia das luzes incompreendidas...ilusórias
Há uma variação de tonalidades na noite do pensamento
Há um alicerce que te agarra à terra
Uma ferida que se encolhe na febre das paredes
E na fímbria dos olhos há uma alma
Que se desprende em variações de cores outonais
Que assombros se alimentam da ventania breve que te assola?
Que ilusões te sacodem as tardes
E se depositam na febre ancestral dos teus passos?
Nada há fora de ti que não seja ilusão
Nenhuma chuva..nenhuma lama
Nenhuma viela ...te pode trazer a tua história
E se souberes perguntar à noite com as palavras certas
Ela vai falar-te de medos..de fel
Dde brilhos que povoam as vagas
E se sentires que o espaço é um jardim a perder de vista
É porque no teu caminho há uma sede
Uum vago sentimento de magia
Que vive no humilde assombro de seres uma vida
Um mundo...um esforço
Porque hoje és a soma de todos os teus fantasmas
De todos os teus séculos
Abertos na superfície ilógica da alma
E de vez em quando..cismas que és vácuo
Que és uma veia...ou uma emanação
E então surge em ti a caótica noite das vagas...da espuma
Dos muros onde o desespero assoma
Como uma madrugada onde a geada
É o consolo da vertigem que te assola...
E onde sabes que a primavera
É o princípio de ti...