Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

A Ténue melancolia das ramadas

Há em mim uma cidade oriental

Uma lâmpada acesa...um azul

Um canto divino... celestial

Uma rua...um sonho..uma penumbra

Há em mim uma nascente multicolor...uma história

Um vermelho...um tapete voador

Há em mim uma Alma...um Destino

Uma jóia que não sei compreender

Sai de mim um fumo enegrecido...um abismo

Uma falésia...um friso....um rio...uma íntima sombra

Longe de mim ...procuro-me.

Lá longe onde sei que não estou

Nas florestas...nos ruídos...nas verduras

No mundo imutável das memórias

Nos areais pressinto rios...civilizações

Mundos alagados...interrogações

Da Eternidade saem fantasmas ajoelhados

Implorando por tronos feitos com hálitos prateados

Bebendo castos o tempo da memória

Mas os mastros deitam-se em palácios

Como se se erguessem dos sonhos da vitória

Há em mim janelas..casas

portas que o tempo arremessou

E nas costas escarpadas dos enigmas

Ouço cantos...febres...cais longínquos

Impacientes procissões..estradas asfaltadas

Vejo milhentas mãos arruinadas

E também vejo... lá ao longe

A ténue melancolia das ramadas.

A solidão está gasta

E mesmo que corra toda a cidade

A procurar a tua mão

E mesmo que a queimadura que me invade

Se disfarce de tédio

E mesmo que esgravate na tua ausência

Todos os momentos que fomos

Sei que as minhas forças se dispersam por outros lugares

Sei que os meus lábios já não se aconchegam

Na fissura ambígua dos teus ombros

Sei que há um veneno

Sedento do sangue acre que se dispersa pelas ruas

E depois...

Também sei que a solidão está gasta

E mesmo que a memória se corte na lâmina do passado

Nada trará de volta...

O corpo...o sangue a ferver

O fascínio das visões tatuadas na pele

As certezas de que os sonhos

Ainda vivem na boca das flores

E nós..distantes..a avançar mar adentro

A afiar a a secura das vagas

A saber que a saliva é um veludo

Sobre a pele seca dos sargaços

Talvez ainda nos restem ilhas distantes

Areias desesperadas nas praias onde não fomos

Talvez o mar se torne sonâmbulo

E durma connosco na dilaceração das noites

Talvez os sonhos se tornem sagrados

E a lua se aproxime da chuva

Que cai no sangramento dos dias

E uma e outra vez as imagens vêm

As feridas retiram-se...os corpos adormecem

Plenos...como fotografias tirada sob uma luz extasiada

Ou como pequenas tatuagens de estrelas

Que se vêem em firmamentos de aflição...

E nós...sós

Completamente absortos...sedentos

Da tragédia do Homem.