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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Mundo rasgado

Se a boca te sabe a um silêncio gasto e frio

Lembra-te que há sempre uma neve a derreter

Lembra-te que trazes nos olhos a cósmica desolação da noite

Mas podes sempre regressar ao tempo das estrelas

Podes sempre brilhar na íntima florescência da solidão

E não há ninguém

Que te encontre na distância dos astros

Na sôfrega partilha dos gestos

Na ansiosa imagem do alvorecer dos rios

Porque tu persegues a distante insuficiência das imagens

Que te aterrorizam...como gaivotas negras

A sobrevoar a tua alma de presente sem futuro

A planar no requebro do corpo

A procurar em ti o sangue

Que não queres derramar

Mas olha esse barco feito com a força das mágoas

Esse barco cujas velas vencem o vento

E que nunca se dobram à passagem do terror

Porque tudo o que te acontece

É o destino a derramar futuros

É a vida a evocar o teu corpo

É distância a perguntar por ti

São as leis da força bruta que tens que vencer

Para que não te arrastem para os insondáveis abismos

De um vasto mundo rasgado...