A secura dos dias
Quando os dias negros nos crestam a pele
Que arde na secura das horas
Quando vestimos fatos estranhos
Sobre o o nosso corpo adormecido
Quando o nosso espírito não repousa sobre um lençol de paz
Não há distâncias seguras entre nós e o mundo
Não há ruas nem olhos imóveis para nos curar
Somos apenas um palácio desocupado de alma
Somos anjos feitos prisioneiros
Com os ombros encolhidos pelas coisas penosas
Somos crianças na posição fetal
À espera da luz virginal
À espera da hora em que despertaremos de um sono
Como sonâmbulos sem sonhos
À espera de nos reconhecer-mos nas delirantes voltas dos dias
Como se fôssemos bons...e maus
E entrássemos num céu desgostoso
Onde as lajes frias nos recebem como convidados
Porque abandonámos a inocência
E nos tornámos sombrios...