O degrau
Sento-me no degrau pintado de vermelho sangue
Estrondos de loucura caem sobre os meus ombros antigos
E eu já não desço da noite quente...estou feliz
Fechei-me na ferida que sangra
Senti uma perturbante ânsia de prolongar a noite
Como se águas mascaradas de chão
Passassem por mim em rasgadas fúrias
E vómitos de enxofre me chegassem aos ouvidos
Como crimes comestíveis que florescem debaixo dos meus pés
Salto sobre todas as feridas e sobre todos os desamparos
Exalo lentamente um último fôlego frenético e fluorescente
E caio desamparadamente dentro de um vulcão de palavras
Que descansam no meu rosto espantado pelas auroras boreais
Enquanto a minha cabeça roda pelos restos dos silêncios
Silêncios bebidos numa sórdida tasca
Que cheirava a fulcrais dias de insanidade.