Possuías uma paisagem serena
Possuías uma paisagem serena
Desenrolando-se sob as tuas pálpebras roxas
Sentias que o teu respirar de chumbo
Segurava o vazio das tuas mãos sem reflexo
Escorregava do ar um sufoco de poeira
Que refulgia no ardor da contraluz
Tinhas as veias pintadas de amarelo
Como uma montra irreconhecível
E amavas as constelações de flores
Que resplandeciam na noite estrelada
O teu interior exalava uma claridade
Que devorava os contornos perfeitos da noite
E a tua boca sufocante rodava lentamente
Em torno da minha pele
Não havia vazio nem corria vento
Era apenas um excesso de sol pintado no olhar
Tu devoravas-me...e eu..fechei os olhos
Como se me esvaziasse num pátio de amores
Onde não havia piedade para os corações
Porque eles ardiam num labirinto de excessos
Eles viam paisagens e astros estremunhados
Eles eram noites de espasmos
E nós...
Peregrinos numa trepidante constelação de estrelícias floridas
Buscávamos mutuamente os nossos lábios alucinados
Como pássaros num bailado impregnado de odores embriagantes
Que a nossa noite cobria com mágicas plumas
De sussurros encantados!