Nos braços da madrugada
Olhares embriagados e sórdidos
Espreitam a morte sob a chuva que enche os rios
Vinhos...cartas de jogar fora
Cansaços marítimos de mapas extraviados
As cidades passarão por nós na noite atlântica
E as marés levarão os rios até à foz
Não há cansaço nos ventos
Que giram pelos pontos cardeais dos jardins
Não há sujidade no canto das águas
Que se extraviaram pelas colinas verdejantes
Porque nós caminhamos sempre rente ao mar
Como marinheiros sem estrada
Nascemos numa manhã que nos ignorou
E regressaremos numa noite que não nos recebe
Não precisamos transportar mais cidades pela calada da noite
Agora podemos dormir descansados
Todas as coisas vão pairar sobre as avenidas...
E todos seremos o público que vai morrer
Nos braços evaporados da madrugada!