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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Os vapores do céu

Trepidam as luzes

Que se recolhem das borrascas perdidas na poeira

Há violetas alucinadas

Que se espalham pelos ínfimos espaços

Pelas sarjetas escorre a náusea da noite surda

Há luzes...corpos

Perfurações de sombras em camas invisíveis

Há pátios esconsos onde se recolhem luzes vegetais

E os eclipses ganham a tonalidade dos lagos

E morrem bruscamente numa paisagem florida

Os pássaros vêm debicar os restos das mulheres adormecidas

As sombras espalham-se como uma gravura de tinta da china

Sobre as bocas silenciosas

Os candeeiros debitam uma luz esverdeada

Solene e baça como um bater de asas

E a garganta sufoca a náusea

Embriaga-se a diluição dos olhos numa incomensurável neblina

Há vómitos que adormecem sobre a erva fresca

E receios que só acordam depois da submersão dos corpos

Enquanto nós sangramos a loucura

Até vergar o tempo irreal

Ignorando o agitar das palmeiras

Ignorando toda a chuva que nasce do voar das aves

Ignorando os nossos corpos líquidos

Sentados numa espera de jardins sem receios

E vamos caminhando por uma rua sem futuros e sem olhares

Uma rua onde em cada canto espreita um sol que sabe a pão

E nos alimenta os vapores translúcidos

Que nos transportam aos céus!