Não me importam as palavras
Não me importam as palavras e as gentes
Não me importa o preço do destino
Também tu dor... pouco me importas
Já não existe o teu odor a terra húmida
Hoje sei que o ar leva a doçura do tempo
Que arde num lago de gelo
E que a pele é apenas uma fibra sem textura
Que segura o interior das vozes
Sábio é aquele que se move sem sentido
Que segura o marulhar da alma
Numa montanha tingida por um dia esférico
Que é como um sol
Que aquece serpentes num adocicado vómito
Arde o tempo...estrangula-nos a melancolia
E nós seguramos as cidades
Nas nossas mãos entrevadas de memórias
Páro...arrasto fragmentos de luzes esmagadas
E acho que nada vale a pena
Que tudo é uma indecisão penosa
Que as cidades são cascatas de sinais destroçados
E que não quero mais cheiros de memórias rançosas
A impregnar os meus dias que pendem sobre o rio
Como trevas flutuantes!