As fagulhas
Danças...cintilas
Olhas-me pelas vidraças de um baço desamparo
Estou inacessível como um líquido alucinado
Sou feito de papel contaminado
Por palavras que escondem ventos feitos de pedra
Ventos que murmuram abandonos dilacerados
Que falam de ensonadas paisagens
Escondidas em sequiosos fins de tarde
E não podemos estremecer
Nem dilacerar mais as pontes que ruíram.
Despertemos calmamente das cortantes paisagens negras
Dos lugares onde cintilam pássaros de fogo
Enlouqueçamos sobre os nossos corpos
Separados pelo denso nevoeiro
É tempo das memórias irromperem pelos poros
De ganharem asas
Dos sonhos pulsarem repletos de melancolia
De flutuarem sobre os destroços dos dias
Até que as trevas se esmaguem de encontro às labaredas
Onde as fagulhas saltam
Como crianças sopradas pelo espaço
Rindo-se para nós.