Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Paisagem solar

Pairo sobre a noite como um tresloucado reflexo de fogo

Onde ardem borboletas que habitam muros de pedra

Não deixam sinais nem rompem os casulos

São ainda crisálidas ansiosas

Subitamente vejo o caminho

Que reluz no rosto de uma paisagem solar

Arrastando consigo pássaros que pernoitam debaixo das pontadas

Onde os silêncios se acocoram como sexos dilacerados

E os desamparados debicam crimes em luzes de néon

Debruço-me sobre esses caminhos

Contaminados por inacessíveis asfaltos

O meu halo de luz estremece no teu corpo

Expande-se nas tuas mãos quentes

E como lume enlouquecido

Olho-te como um corpo que quer pernoitar na alucinação

Ergamo-nos do nevoeiro que se veste com cintilações de luzes frias

Façamos do corpo uma insónia líquida

Dilaceremos as memórias negras com noites sequiosas

Deixemos a saliva escorrer

Pelos caminhos que conduzem ao prazer

Podemos até cometer um crime harmonioso

Algo como laminar um pássaro de areia

Ou beber mel pelos favos de um ninho de abelhas

Tudo é possível se não nos escondermos

Na seiva enlouquecida pelos abismos

Em todo o lado podemos destroçar as pontes inacessíveis

Que contaminam os dias

Enquanto lentamente nos deitamos no rosto da areia húmida

E descobrimos que o sol é negro

E o desamparo é lume frio

E o medo...

É uma ave ensanguentada pelas trevas.