Numa remota praia
Chegam os dias feitos de areia vermelha
Chovem pedras raras sobre as nossas mãos
Flores flutuam no que ainda nos resta dos sorrisos
E desconhecemos o nome dos frutos
Que explodem de encontro às paredes vazias
Talvez surjam mapas envenenados por estradas desertas
Talvez as cidades cuspam fogos fátuos
Talvez sejamos mais que uma pétala sem nome
Mas somos ecos imprimidos sobre dias feitos de papel molhado
Somos os olhos verdes da infância
Ou uma explosão de textos assassinados
Penduramos fotos nas paredes
Para disfarçar as frestas que o tempo nos impõe
Somos um mapa metálico com reflexos de águas ferrugentas
Somos o que resta de todos os sonhos que os pássaros debicam
Encantamos a vida num enorme cansaço sem sentido
Imprimimos a nossa sombra num eco extasiado
Somos o nosso próprio rosto
Que cospe fogo...que se encanta com as serpentes
que se esconde em conchas vazias...
Numa remota praia sem nome!