Um verso sem rota
Enganam-se as coisas reais
Perante as montanhas vazias
Enganam-se os castelos solitários
Varridos pelo vento sueste
Enganam-se os que se despenham nos ruídos distantes
Quando a presença é eco e harmonia
Enganam-se os desejos de grandeza
Quando o poente é um labirinto de silêncios
Enganam-se os sustos e os medos... da solidão
As coisas são reais...as presenças são reais
A ânsia é tão real como um amplo convés
Ou como uma sentida seara
As circunstâncias fazem correr o sangue apressado
Como se fosse invadir uma paisagem inóspita
Como se a realidade não fosse um esforço de grandeza
E como se a infância dos sentimentos
Tivesse começado agora
E nós fossemos um verso sem rota.