Vento sem nome
Conheço o ódio das guerras
E os estalos da lenha no fogo
Mas não conheço o que faz os ódios
Pesarem mais que os paraísos
Conheço as tatuagens devoradoras
Que indeléveis nos marcam os dias
Sei que o frio vem do desencanto
E os urros são espasmos do chão... pisado
Conheço a remota glória
Do brilho das jóias apagadas
Sei que a alegria será reinventada algures
Em plena rua..talvez
Conheço os espirros que saem das casas
Sei que as estrelas se põem especadas
Nos beirais dos prédios... desabitados
Conheço a verdade...porque não a conheço
E sei que cada um tem a sua...
Agora que conheço isto tudo
Quero encontrar-me nas espeluncas
Dormir nos lajedos...enterrar-me no frio
Brindar às despedidas da razão
E encontrar os que não se mascaram
Colados ao corpo sagrado de um vento sem nome.