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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Porque falam comigo as vozes das arestas?

Esquadrinho a penumbra dos meus passos

Vejo as marcas de alguém que pisou o meu passar

E por entre o infinito dos meus dedos

Foscos xistos dizem-me coisas incapazes de pensar

Porque falam comigo as vozes das arestas?

Porque me fitam as paredes lisas...de cal

Onde está esse jardim da madrugada

Em que perdi a minha imagem vertical?

À esparsa luz das teias invisíveis

Cobrem-se gestos...despem-se máscaras

Os olhos brilham no fundo oculto dos sentidos

Tilintam ambições na voz quebrada dos poetas

Descem suores de sol pela pele da poesia

E o mundo ri-se das flores...desertas

Crescem atalhos brancos no pensamento

Onde o lápis é o cajado das palavras

O amor pode florescer numa jarra de papel

Ou no centro de um silêncio exilado.

 

Dentro de um difuso espelho

Vejo espraiar mares

Que acordam agora a minha voz

Imolada numa rua de cordel

Despida de alma e de luar

E encontrada num gume de flores azuis.