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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Luz...

Vou até ti

Como quem vai seguindo a imparável emoção dos encontros

Chego e vejo o começo de um mundo

A abrir-se lentamente ao regato dos sentidos

Não sei se vida começa dentro de um amor

Ou se o começo é mesmo o amor a começar...a fluir

Gostaria de adormecer e sonhar

Que a dimensão de nós

É uma emoção feita de saudade

Gostaria de tocar a tua distância

Com a luz que vem de dentro de mim

E que acaricia os momentos do teu corpo

Como um gosto

Ou como um véu que faz doer a ausência

Serenamente te digo que vou adormecer

E que um dia te vou explicar

Que dentro de mim há uma janela

Que dá para o fundo emocionado do luar

Como se acontecesse dentro do meu corpo

Um milhão de explosões adocicadas pela minha sede

De ti!

Porque é que os médicos não podem ser aumentados?

O SNS é uma pedra basilar na vida dos portugueses. E todos questionamos porque é que há tanta falta de médicos no SNS. A verdade é que mesmo com a boa vontade deste Ministro da Saúde,( que não duvido estar empenhado em resolver na medida do possível os problemas que afectam o ministério que tutela),enquanto se mantiver o anquilosamento do estado, é muito difícil resolver esse problema. E onde está o anquilosamento? Pois reside precisamente na carreira destes profissionais da saúde. É que a dita carreira é de Função Pública e se estes profissionais forem aumentados o governo tem que aumentar todas as outras carreiras , ( sejam da saúde ou não) em igual percentagem. Então o que é que há a fazer de forma a aumentar a compensação aos médicos? O ideal seria estabelecer uma carreira separada das outras para o sector da saúde, mas como isso está fora de questão, então o estado deve arranjar maneira de conceder incentivos. Por exemplo, sei que determinado serviço num hospital de Lisboa, já tem primeiras consultas cheias até ao final do ano. Ora uma vez que o facto dos médicos fugirem ao estado não se deve ao horário de trabalho mas sim à falta de incentivos, se o estado pagasse à peça as consultas que os médicos dessem para além do seu horário, de certeza que as listas de espera diminuíam e os médicos ganhariam muito mais ordenado. Mas no meio de tudo isto, não vejo o Sindicato nem a Ordem dos Médicos proporem uma solução como esta. Por outro lado o estado paga a tarefeiros, quatro ou cinco vezes mais do que paga aos médicos do quadro. Não seria melhor remunerar devidamente os que já lá estão?  A bem da saúde dos portugueses, resolvam o problema dos médicos!

Será que sou só eu que vejo isto? Fica a pergunta e a sugestão.

A infância

Há uma beleza primordial nas crianças. Essa beleza primordial vive nelas entre os dois e os nove anos. Depois perde-se. Tive a felicidade de desfrutar de uma criança durante esse tempo de sonho. Com ela retornei à minha infância. Com ela aprendi a sacudir a poeira que me tolhia a alma. Com ela deixei de sentir o peso soturno do mundo. Esse tempo foi como um fogo leve ou como um fruto que comi intacto. Porque uma criança é a ânfora onde dormem os sonhos que esquecemos. É a luz que transborda da taça. É a serenidade divina da criatividade. Posso dizer que absorvi todo o magnetismo dessa criança. Que bebi em silêncio todas as suas margens. Que cumpri todas as profecias. Porque uma criança é a sabedoria inicial do mundo.

 

Por tudo isso obrigado Madalena.

Encontro com o tempo

Encontro no silêncio do tempo a resposta às perguntas que não faço. Deixo-me levar pelos caminhos e sinto que volto a esse outro tempo adormecido. Gosto da harmonia do silêncio. Gosto das florestas que não conheço. Alimento-me de flores e de folhas. Guardo-me para os dias longos. Aqueles dias que se dissolvem nas minhas entranhas. Como névoa pegajosa. Como palpitações de rios. Como fogachos de tempestades. Pudesse eu colher o tempo. Agarrá-lo com mãos proibidas. Temperá-lo com o sal do coração. E então seria um tempo perfeito. Uma dádiva de luz encontrada. Um doce rumor de crepúsculo. E ao mesmo tempo uma dolorosa sensação de nada.

A floração do Homem

I

Existência dissonante

Vértebra líquida...lágrima poética

Murmúrio de noite...suave flauta

Além o espaço

E para além do espaço...o frio

Nítida chama a tremeluzir na alma

Vítreo veneno de flor que alastra

Sobre a sombra granítica

Das memórias passadas

II

Poema mineral feito de veias profundas

Poema esboçado em palavras cristalinas

Poema queimado..gráfico do impossível

Poema anatomia de destino

Condensado no betume alado das feridas

Transparência vagarosa de luz

Destino de prado e fogo

Denso peso a sair do corpo

Substância de noite profunda

Impossível prata das palavras

Pele de noite e harmonia

Alma despida e metáfora de caminho

Peso de letra e frémito de voo

Tudo cabe no horizonte

De um breve sonho

Tudo cabe no estilete

De um grito ocasional

De um verso ocasional

Porque o poema é

A floração do Homem.

 

 

Pensamentos

I

O voo de um pássaro desfolha um céu de veludo azul. ..

e transforma-se na luz de um tempo feito de solidão.

II

Que sentes quando pisas o cascalho da alma?

III

Espesso vento...unhas de arrepio

doloroso veneno de chama a fundir o nosso corpo de cal.

IV

Disponho da noite como quem vive numa praia solitária.

V

Dissolvo-me como quem se fecha numa seara de trigo

e basto-me como se conhecesse o segredo das estradas.

VI

Cada dia é uma longa candeia que tece a minha memória.

VII

Que me falem os desertos...que o meu corpo sinta a chama

impoluta das marés.

Platão e a falta de Médicos de Família

A falta de Médicos de Família faz-se sentir de forma mais aguda na Região de Lisboa e Vale do Tejo. Mas a culpa não é só do governo por não criar condições favoráveis e atractivas para os médicos. Na freguesia onde resido quase todos os utentes têm Médico de Família. É residual o número dos que o não têm. Contudo no futuro, e por culpa da Câmara Municipal, haverá um grande número de utentes sem o dito médico e porquê? Porque quem preside à Câmara não lê Platão. Ora Platão na República diz-nos que as cidades devem ter um determinado número de habitantes e que a partir desse número não deve haver mais aumento de população. E o que é que a minha Câmara Municipal fez? Autorizou construção de algumas centenas de fogos na minha freguesia. Qualquer coisa a rodar os mil fogos. Mil fogos são no mínimo 2000 pessoas e pedem ir até 4000 ou mais. Perante isto o Centro de Saúde não está preparado e os futuros habitantes desta “paróquia” ficarão sem Médico de Família, a não ser que haja um reforço nas contratações. À Câmara não lhe interessa o bem-estar dos munícipes, nem quer saber se há médicos disponíveis, ( muito embora o Presidente fale para a televisão e se diga muito preocupado com a falta de médicos) interessa-lhe mais o aumento de IMI que vai cobrar.

Saudades

Acedem-se as saudades com a fria luz

O tempo é uma curva de instantes

Os dedos deslizam pelo silêncio do que já foi

E as sombras dançam um bailado sem par

Procuro a forma inventada do que perdi

O sopro das árvores recorda-me um fantasma

Que inquieto floresce na nostalgia da alma

E a brisa traz-me o perfume dos campos perdidos

Infância despida...passos correndo

Imagem de noites leves e transparentes

Suave neblina...sono sem angústia

Saudade a florescer em veredas brancas

Divisão clara de um tempo secreto

Sonho e fantasia...liberdade luminosa

E o rio a correr liso pelo meu corpo

A voz das casas caiadas a chamar por mim

O azul de um céu tranquilo a chamar por mim

E eu...alheio a todas as coisas que esqueci.

 

A publicar no " I Volume da Antologia de Literatura Portuguesa Contemporânea “Saudade”.

Os sentimentos

Levantei-me cedo e entrei na espessa manhã brumosa

Nada me segue...nem a minha sombra

Saboreio esta liberdade

E sento-me no paredão junto ao rio

Procuro encontrar-me nos olhos dos que por ali passam

Mas...nada...silêncio...sou invisível

Dedico o meu desprezo pelo frio...à divagação

Penso no universo...nos sentimentos...na matemática

A matemática ...sóbria

Explica-me que é do tamanho do Universo

Que não tem tamanho

Mas que também é do tamanho dos sentimentos

Que também não têm tamanho

Assim podemos estender sentimentos

Como quem estende uma passadeira vermelha

Que todos podem pisar

Milhões e milhões a podem pisar

Podemos pôr a secar em todos os estendais

Sentimentos molhados pelas lágrimas

Podemos colar sentimentos no lugar das folhas caídas das árvores

E esperar a sua floração na Primavera

Podemos abrir a estrada em sentido inverso

E mendigar os sentimentos esquecidos

Ah! Parasitas de carícias que são os sentimentos

Que dão razão aos suspiros e espantam os sádicos

Que acordam os intratáveis e os delicados

Que detestam os inconvenientes e os sóbrios

Que alteram a luz e o movimento

Que suspiram pelos mártires

E nunca se extinguem

Porque eles são audazes

E nunca se dão por vencidos...

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