Átomo
Ausento-me das coisas
Gasosa ave que pernoita na memória luminosa do ar
E se te falo agora do aroma
E das pulsações molhadas pela saudade
É porque me lembro dos nossos corpos abraçados
Líquidos...atmosféricos
Como rumores de caves oceânicas
Sublimes...grossas...
Como pingos de chuva sólida
Ancorada nas paredes do quarto
Onde secaram os sentimentos.
Na volátil solidão da noite
Finjo ter a brancura gasosa dos átomos
Que se multiplicam em milhões de sóis
Como se eu fosse a minha própria metamorfose.