Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Agonia

Na agonia da noite

O meu grito rasga os tentáculos do mundo

Afasto-me das luzes da cidade

E vou implodir sozinho num descampado de estrelas

Enquanto as varandas se povoam de flores acústicas.

 

Sobem-me à boca marulhares de desejos

Enigmas alucinados...tempestades tropicais

Um rosto desprende-se do vazio marítimo do horizonte

Sobe à enxárcia sulfurosa da noite

Distende-se num orbital afago de maresia

E no coração do sonho

Toco a infindável paisagem das marés.

 

Quero afagar a beleza arquitetónica da névoa

Que cobre a espuma alada das ondas

Essa névoa sem futuro nem caminhos

Onde os filhos do mar se distendem no bafo da luz

Como paisagens marítimas

Que se suicidam

No sonho alucinado da imaginação.

 

Erguem-se de mim eternos sonos

Escancarados na lava contaminada

Por restos de tempos obscuros

São ausências que se perderam

Na claridade suicidada do barro

E nas falésias desse sono

Os espelhos tecem sonhos de mel e pedra

O coração esvazia-se

Como um peixe-lua envelhecido

Mas ainda aqui está afável e aberto

A todas as ternuras.