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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Aromas

Há sempre um outro além

Uma outra humidade magoada pelo teu silêncio

Há sempre uma insónia

A espreitar pelas frestas magoadas do tempo

Há sempre mais uma rua

Onde o musgo revela os teus segredos

Há sempre um lugar tranquilo onde os pinhais não ardem

Há sempre uma caligrafia inacabada

Uma pequena letra que bebe a destreza das mãos

Há sempre um interior em cada traço da alma

E uma via láctea encardida

Há sempre um gemido multiforme

Um apóstrofe de ti...uma debandada de imagens

A correr...a correr pela estridente via lunar

A buscar especiarias de sangue e fel

A despertar na psique da terra

Como um rumor de espera sem lugar nem tempo

Como uma varanda

Onde as aves se deitam com olhares loucos

E o lume aceso... a tez queimada

O sino apologético que te chama para a batalha

E a mão que transmite o calor da carne

Aquecida pelas hélices do sol

E o poente a dividir ao meio os corpos longínquos do mar

A fulminar as trevas que se entreabrem na noite

Como cataclismos...como festins opacos

Como flores que se espalham pelos dias escuros

Mas...no silêncio há aromas

Que sobem...que vão subindo...como bolas de sabão

E de Vida.