Fosforescências - 1foto 1 texto
O vento dos dias traz-me a despedida do teu gesto. Estou só... porque não vieste. Suspendi o meu olhar porque o silêncio cresceu. No fim das distantes galáxias os olhos da mágoa pestanejam luzes tentaculares. Será sempre assim a despedida. As horas a afastarem-se de nós. As horas a segurarem-nos nos seus tentáculos. Como fosforescências inacabadas da separação dos nossos corpos. As mãos dissiparam-se pela noite rasteira. A vida desencontrou-se de nós. A tua distância revelou-me uma enorme luz entumescida. Um frémito percorreu o ar. Vi o teu rosto a flutuar numa preciosa fonte de imagens frias. Na sonolência da aranha estava o teu sorriso. O esquecimento de nós foi como um ocaso calcinado pela tua ausência. Isto aconteceu no tempo de deixar de ouvir o eco dos teus passos. Passou-se no tempo de uma noite indulgente. Onde ocultámos os corpos. Ocultámos as mãos. Perdemos as carícias. Os sinos já não falavam da descida do dia. E na serenidade da tua imagem...eu via...a calcinação de mim.