Ilusão e amor
Vejo barcos carnívoros descendo rios imaginários
Vejo pedras filosofais sem qualquer préstimo
Espreitando os nossos segredos
E os uniformes que a alma veste
São impúdicos cavalos escorrendo baba
E mesmo que as noites não nos abracem
Desceremos a escada do tempo pedregoso
Como sombras vazias ao alcance do horizonte
Sobreviveremos como náufragos em flor
Imortais frutos de um pomar absurdo
Construiremos gigantescas fábricas de sombrios sonos
Desolação abraçada a um reino fantástico
Residindo numa fantasia de crianças
Julgaremos que as palavras cairão das nossas bocas
Escorrendo sobre as paredes das casas
Moldando imagens em panos rotos
Devoraremos vozes e choros
E toda a nossa vida será uma lágrima desfigurada
Um imenso coração que cavalga um mar de espantos
Mas seremos ilusão e amor!