Algemas de areia
Empenhamos a nossa própria pele
Medimos os dias...fugimos de nós
Sonhamos numa língua estranha
Como se fosse um rabisco ilegível
Procuramos o mar
Receamos a nossa própria casa
Somos a luz dormente
O fruto caído no chão
O som de metal reluzente
Hálito de mãos cegas
Decalcadas de um tempo escuro
Infatigável sombra
Que nasce sob uma água gorgolejante
Vinho mastigado em silêncio
Acende-se a luz e percebemos que partimos
Que o escuro roda indefinidamente à nossa volta
Como um fruto ossudo
Teia de aranha metálica
Algema de areia
Aninhada no fundo de um fruto amargo
Poisamos os pés num hálito bêbado de sonhos
Berço feito de tela inimaginável
Rabisco de lugares
Envoltos em terras empestadas de ladainhas
Sobreviveremos...