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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Estamos salvos

Amanhece no mar.

Chegam agora à praia as sombras das nuvens

Bocas estranhas procuram a água

Delírio de mãos misteriosas

Inundadas de areia.

 

Lívidas águas coladas a corpos

Que desfiam bocados de pão..é a fome da noite

Prata de luar voador estendendo-se sobre os sargaços

Suave ondulação de água e corpos

No rio que se move para além dos nossos cabelos

Eclodem sensuais insectos comestíveis

E tudo nos chega

Como se uma colcha de seda vermelha surgisse no horizonte

Chegam erupções do fundo das águas

Gorgolejam canaviais...garças lívidas pescam

Tudo se entrelaça numa brincadeira de algas e lodo cinzento

Água e mais água

Língua de mar maravilhado pelos corpos feitos de sóis penetrantes

Onde iremos amanhã?

Onde despertaremos o sol?

Onde refaremos o nosso dia?

As águas continuam olhar-nos

Não têm indecisões...seguem sempre as gaivotas

Pudesse a frescura dessas águas dormir num quarto sobre o rio

E o nosso corpo seria feito de coral azul

Vermelho nas arredondadas pontas sensíveis

A boca sentada junto às flores

Amanhece como um sol nítido

Escamada carpa saltitante

Agora...é quase noite outra vez

O dia arredonda-se numa nostalgia de febre luminosa

Chega até nós o repouso

Desfazemos o corpo em pequeníssimos ventos

Enviamo-lo pela estreita bruma

Já não o seguimos...estamos salvos!