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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

É o mar que nos espera

Éramos tão felizes se perdêssemos a memória

Se as palavras se apagassem

Se as mãos girassem em redor de um corpo em êxtase

Um corpo vencido pela luz

Como uma música incandescente

Envolvida num profundo incêndio

Seria um queimar de alma

Um esventrar de coxas sedosas

Um grito de uma mulher incendiada

Em vez de ar...seria tempestade

Mar revolto...abismo em chamas

Fronteira que flutua num lago feito de cavalos selvagens

Lago construído gesto por gesto

Como o flutuar redondo de um ar arrepiado

Luto de mão molhada pela chuva

Frente a frente...o choro

As teclas de uma vida tocadas em silêncio

Quem quer chorar nesse rio feito de barro

Nessas margens incapazes de capturar as águas

Onde incêndios convalescem moldados pela nossa mão

Formam montanhas de peitos abertos ao delírio

Profecias rasgadas...olhos ao vento

Pesadelos leves como folhas tempestuosas

Flutuantes como sexo etéreo

Há qualquer coisa num segredo sonhado

Algo que se coloca em nós

Algo que estanca a vontade de enterrar a própria terra

E nos faz sentir a vulcânica temperatura

Terror de chuva afundada na lama negra

Barro feito de braços longos

Incapazes de escavar mais a vida

Chega-se ao fim do pontão

E é o mar que nos espera!