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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Reconstrução

Sonho-me e escrevo-me

Sou o papel que se vê livre de mim

O tempo sacudido por batalhas

O lugar onde os segredos falam sozinhos

Afundo-me mesmo antes de acordar

Sou a nocturna luz que se queixa do dia

Diálogo de pés afundados em todos os passados

Em todos os etéreos cemitérios...

E sou eu..afinal sou sou eu

Que abro a porta ao túnel escuro

Sou aquele que é mais antigo que o tempo

E se houvesse tempo para mim

Espreitaria através das pálpebras semicerradas

O soletrar da terra...a pressão do ar

Sacudo-me de todos os pós do caminho

Alivio a minhas costas de todos os antepassados

Sigo a minha marcha...

Numa marcial ausência de leis

Num ditar de segredos para reescrever os sonhos

Fusão de mim...sem hora nem preço

Pedaço de luz a cair na ravina do dia

Diálogo esventrado...sigo os pássaros cegos

Apanho os meus restos...aqueço-me

Como um graveto ao luar

Enfrento os morcegos que navegam no escuro

Calcorreio a direcção que a luz toma ao entardecer

Como se soltasse pedaços de mim

Pedaços que tenho que voltar a empilhar

Para me reconstruir...