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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Poema de seiva e sombra

Olho a seiva feita de plumas exaustas

Recolho-te nos meus braços

língua que envia mensagens de amor

Fecundadas por uma maré

Que se esconde na sombra das paredes...jogo de mãos

Hieróglifo transparente que atravessa a luz

Filtro de persiana que tilinta com o vento

Palavras...roupas nuas

Bebida de ângulos esquivos

A tua imagem é um espinho cravado

No âmago de uma língua vermelha..terra de sonhos

Na rua as vozes ecoam nos arbustos

Escondidas luzes saem da sombra

Filtros amorosos observam as silhuetas difusas

Vagas de águas vivas...espessos rios

Que nos enviam a luz da última palavra temporal

E as mãos...aquelas mãos coladas

Emaranhadas num fio de sangue ilíquido

Jorram carícias..ferem as paredes..arranham

Pedem ventos que empurrem as casas para o meio da rua

Que destruam os livros

Que lhes rasguem as folhas

Nada mais é preciso

Junco de palha...papiro colossal

Do frio fogem as aves

Peito atravessado por penas cruéis

Recortes de futuros passados

Cintilações de neve sofrida

Cores reconstruídas sob o murmúrio das aves

Graffitis de vidas

Percursos lambidos num desejo sangrento

Surge a cidade...sobrevoa-se o cais

Somos o fruto imenso de uma lâmina afogada em cinza

Veneno alucinado...inerte

E alguém nos sussurra

Que os pássaros deslizam pelas ternas noites

Pássaros que fugiram dos dias aflitos

Pássaros como nós...calcinados...migradores

Pássaros que pernoitam nos corpos

Onde ecoam cantos libidinosos...frágeis

Com olhos fixos na vermelhidão de uma boca cálida...