Bosque de vozes
Mesmo que alguém escute os meus passos eléctricos
Nunca reconhecerás a minha voz
Alimento de ave que balbucia astros em flor
Atrás de ti fica o paraíso...a erva...a janela
Os passos são ásperos...as veias são nítidas
O corpo atravessa um deserto tremelicante
Petrificas-te numa soberba asana de ouro
Cintilas como uma aldeia nocturna
És agora um alado ser uniforme
Sorvendo a vida que escorre pelos limos marítimos
Bebes o estreito mel num copo feito de jardins
Onde silvam sombras...és compacta flor
Exalas fomes de noites sem arrependimentos
Sorveste o tempo antigo...foste juventude
Caminhas numa superfície alada
Bebes todos os minerais disponíveis...és de pedra
Estátua penetrante coberta de erva onde vivem insectos
És poesia vedada aos olhares
Estreitos como casas abandonadas
Vagarosos como actos de amor
Deixaste de sentir os minúsculos veios dos jardins
Alimento de pele em ânsia
Esfomeada parede...eco aterrorizado
No princípio de tudo abandonas a tua pele
Deixas cair o corpo num bosque esfacelado
Hesitas...avanças...não sabes de nada!