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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Bosque de vozes

Mesmo que alguém escute os meus passos eléctricos

Nunca reconhecerás a minha voz

Alimento de ave que balbucia astros em flor

Atrás de ti fica o paraíso...a erva...a janela

Os passos são ásperos...as veias são nítidas

O corpo atravessa  um deserto tremelicante

Petrificas-te numa soberba asana de ouro

Cintilas como uma aldeia nocturna

És agora um alado ser uniforme

Sorvendo a vida que escorre pelos limos marítimos

Bebes o estreito mel num copo feito de jardins

Onde silvam sombras...és compacta flor

Exalas fomes de noites sem arrependimentos

Sorveste o tempo antigo...foste juventude

Caminhas numa superfície alada

Bebes todos os minerais disponíveis...és de pedra

Estátua penetrante coberta de erva onde vivem insectos

És poesia vedada aos olhares

Estreitos como casas abandonadas

Vagarosos como actos de amor

Deixaste de sentir os minúsculos veios dos jardins

Alimento de pele em ânsia

Esfomeada parede...eco aterrorizado

No princípio de tudo abandonas a tua pele

Deixas cair o corpo num bosque esfacelado

Hesitas...avanças...não sabes de nada!